Mais do que escrever sobre um escritor é ler
sobre a iconoclastia do verbo: Leonor Nepomuceno, a voz que vem do outro lado
dos ângulos e do nascimento da natureza, o dom de atribuir, desabafar,
fortalecer, chorar, sorrir, morrer e renascer através do universo.
É um eclipse... Um instante que permanece acima de qualquer
metáfora antes utilizada, é um desnudar puro e profundo que se afirma pela
diferença do seu olhar perante o mundo e toda a sua conexão, é o sentir da
alma. Uma imagética de vislumbres mordazes onde se respira o chão de um querer
aristotélico, que em rigor não se identifica com afirmação ou dúvida, mas sim
com a curiosidade, a pergunta, a solução de um desabafo poético. É uma poesia
de portas abertas e de janelas de esperança, de uma sementeira forte a que se
inspira de página em página. Leonor Nepomuceno é a “lavradora da palavra".
A raiz que a poesia precisa para se agigantar com a poetisa.
Ao ler esta obra, encontrei-me a suspirar no tempo, as lágrimas eram
nuas e solidárias, o sorriso era amor e sentimento, saudade na voz do vento, um
turbilhão em espiral in- concreta e urgente de mais e mais sentidos...tantos e
tantos, que atravessei o mundo sem dar conta...
Não é comum esta linguagem quase ostensiva de um desejo, um grito
poético para quebrar, desafiar o pico do espírito, levantar referências
neo-românticas como se este mundo acontecesse por força de um astro supremo,
sonhador e entregue ao destino, um discursar melancólico, belo, tocante, um
cântico interior, um altar sem classificação. É um altar onde somente a poesia
pode rezar e pedir perdão no coração da poetisa.
São prelúdios contra o supérfluo que nos assombram e cegam pelo fulgor
de um vocabulário sincero e tantas vezes mensageiro do céu.
Este livro é uma estrada ou um abismo, é o amor e a revolta, é a
natureza e a beleza, é a memória e a mulher, a menina e a sua história, é um
tempo dorido, um sem tempo nem dor póstuma, um ser vibrante e inédito diria
"cardíaco" que nos leva para um sul de versos como novas parábolas, o
coração bate, o coração é quente, o coração pulsa. Há uma corrente inigualável,
um rio que corre nas veias, a chuva que molha e canta, a chuva que dança e
lacrimeja, a chuva que acolhe e sua... A água casa da ALMA. O sonho casa da
TERRA.
A autora Leonor Nepomuceno não nos permite a fuga,
não nos permite o não-sentir, ela é tão autêntica, tão real, tão poesia qua as
palavras, vivem dentro dela. Soltas, nuas, numa transparência que chega a
atingir um heterónimo de si mesma, sendo um “eu ”peculiaríssimo, o que resta é
um nome favorecido pelo Deus da humildade num sedutor espelho sem ficção.
Este é o
livro que qualquer pessoa, qualquer poeta, qualquer sobrevivente, gostaria de
ter escrito.
Assim, labirinto primordial de uma obra com vida.
Escadas em mistério... Renovação... Esperança
Paula OZ
Escritora e Critica Literária
Não
percas a tua liberdade de errar...
(Leonor
Nepomuceno)
Para
a obra
-
E quando a chuva voltar –
Da
autora Leonor Nepomuceno
Perante esta analise tão forte da parte da Grande Paula Oz, pouco resta para dizer. A Leonor é tudo isto até ao infinito.
ResponderEliminarAdorei a analogia" Lavradoura das palavras".
O livro é de facto o retrato de um sentir fora do comum.
Obrigada Leonor e a ti Paula agradeço cada sílaba.
Tenho lido alguns textos isolados com muito prazer.A análise de conteúdo do livro futuro abarca, penso Eu, o que de melhor a Autora poderá proporcionar-nos. Um abraço e muita sorte!
ResponderEliminarParabéns Leonor...do pouco que tenho lido creio que está no caminho certo. A julgar pela crítica da editora, a sua obra merece reconhecimento profundo.
ResponderEliminarPaula OZ... Eternamente grata! Célia, Unknown... Muito obrigada!
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