Apenas
uma palavra.
A
vida tem dessas coisas que não se explica. A palavra saudade sempre esteve
presente na minha vida, como segundo nome. E é uma das mais belas que considero
da língua portuguesa. Pelo que traduz, pelo que significa, pela sonoridade.
No
meu sentimento, saudade era saudade e sem necessidade de grandes explicações.
Mas ao receber de presente de Laura Areias, portuguesa, escritora, ficcionista,
poetisa e jornalista, em uma manhã de nostalgia, dois livros de Alfredo
Antunes, falando justamente sobre o tema, até sorri, intrigada, com a
coincidência dos títulos: Saudade e Profetismo em Fernando Pessoa e A Saudade
alma da alma portuguesa.
Embevecida
desde o prefácio, mergulhei com sede nesse oásis de conhecimento, da alma do Fernando
Pessoa, que também é inserido no segundo livro, e da pesquisa e sentimento do
autor, que tanto eu me identifiquei.
E
descobri tantas vertentes e formas em que a saudade está presente, como
palavra, como sentimento, como representatividade da alma lusíada, como linguagem,
como arte, como vida, como manifestação, como filosofia. No espaço do tempo,
saudade não representa só o passado, transcende também para o futuro. A saudade
da infância lírica, a saudade profética, e a cada
capítulo, dois livros, distintos e ao mesmo tempo tão interligados, admirei
imensamente a capacidade quase genial desse autor, professor, pesquisador, doutor
na arte da saudade, em vivência, pesquisa e escrita.
Nas
mais de 500 páginas, de Saudade e
Profetismo em Fernando Pessoa, descobri-me envolvida por um sentimentalismo
e saudade imensa pelo Poeta, e todas as suas faces e intimidades. Pessoa tem
uma forma muito particular de integrar-se na temática saudade, constante em
suas cartas e poemas, essa sensação de estrangeiro e apátrida, é o que mais me
comove, quando mergulho em seu lirismo saudoso, assim, fazendo-me quase
confidente e cúmplice, partilhando as mesmas impressões. “A minha pátria, é
onde não estou”.
E
já que a saudade continuará sempre inefável e estranha, como cita o autor, em A Saudade, alma da alma portuguesa: passado
e futuro deixam de ser percebidos como contrários, ao refluírem em um presente
alargado e circular. A saudade não deixa morrer o passado enquanto vai
imobilizando o futuro. Gera-se uma tendência de eternização...
“Porque
o presente é todo o passado e todo o futuro” como escreveu, Àlvaro de Campos.
Esse
sentimento tão difícil de definir e intraduzível, essa ausência quase presença
de tempos, pessoas, momentos e que a alma lusíada sabe expressar quase que
concretamente na poesia, no fado, no Tejo, na filosofia, na religiosidade, na
arquitetura, na história e principalmente por sua gente, onde se faz o eco do
coração e da alma portuguesa, que chega até nós...
Do
lado de cá do oceano.
DRIKKA INQUIT
Muito lindo! Somos irmãos e não tem como não se embevecer de tatá delicia poética.
ResponderEliminarGrata Vera !
EliminarSaudade, um sentimento que só os sensíveis sabem sentir. Uma massa que modelamos ao longo da vida, como bálsamo e também incentivo. Já estou com in-finitas saudades de ti, amiga! Beijos.
ResponderEliminarGrata Taci ... estarei sempre por perto...beijos e saudade!!
EliminarHá um tipo de saudade... que muitos poetas cantaram... bj...
ResponderEliminarGrata Lúcio pelo comentário. A saudade é poética, é lírica...
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