(José Manuel Martins Pedro - correspondente de autores africanos)
Hoje,
venho apresentar-vos uma escritora e amiga que conheci recentemente, mas que a
sua escrita cheia de sentires, desde o início me prendeu pela forma sensível
como flui de dentro dela e se projeta nas “stórias” que conta.
Falo
da autora Helena Centeio e do seu livro “Stória, Stória” (Contos tradicionais
de Cabo Verde – Ilha do Fogo).
Helena Centeio, nasceu em Cabo
Verde em 1971, na Ilha do Fogo. Filha de Carlos Eugénio Centeio (Carlitos) e
Ernestina Centeio (Auzina) ambos da Ilha do Cabo, sendo a mais velha de 7
irmãos. Helena tem dois filhos Wilson Barbosa e Eduardo Menezes. Em 1980
emigrou para Portugal onde tirou o curso de animadora socio-cultural, auxiliar
de educação e frequentou também a Faculdade de Letras da Universidade de
Lisboa. Trabalha pontualmente como Produtora de eventos de cultura africana,
audiovisuais e spots publicitários. Atualmente é contadora de “stórias” em
várias escolas, bibliotecas e universidades séniores. Coordena o
caboverdesite.com e a página do Facebook “Cabo Verde Portal”
Ler
e interagir com este “Stória Stória” é deveras gratificante e intenso, perante
tudo o que nos vai sendo apresentado, por isso, antes de falar do seu livro, vejamos
o que é a tradição oral
Tradição oral é a transmissão de saberes feita oralmente, pelo povo de geração em geração, isto é, de pais para filhos ou de avós para netos. Estes saberes tanto podem ser os usos e costumes das comunidades, como podem ser os contos populares, as lendas, os mitos e muitos outros textos que o povo guarda na memória (provérbios, orações, lengalengas, adivinhas, cancioneiros, romanceiros, etc). Também são conhecidos como património oral ou património imaterial. Através deles cada povo marca a sua diferença e encontra-se com as suas raízes, isto é, revela e assume a sua identidade cultural.
E
conforme a autora escreve no seu livro (Stória, Stória), no tempo em que era
criança em Cabo Verde, não havia eletricidade e como não tinha televisão,
sobrava tempo na noite para gastar, ao luar ou na escuridão quase absoluta.
Lembra também que chegavam pessoas vindas de longe só para ouvirem “stórias”
contadas pelos mais velhos, como sua mãe e que algumas vezes, ela recebia até
umas moedinhas! Formavam-se as rodas no chão misturadas por miúdos e graúdos.
Os contos eram como o abrir de uma janela na mente para um mundo lindo e maravilhoso,
cada um à sua maneira e onde na tela da noite se pintavam cenas mirabolantes e
fantásticas que maravilhavam a todos. De conto em conto se passava assim um
espólio inesgotável de tradição e uma mensagem rica que misturava os
continentes Europeu e Africano, como sempre acontecera de geração em geração.
Na amálgama de sentires e interiorizações, Helena Centeio quantifica tudo
quanto de relevante se possa dizer sobre as palavras e de tudo quanto as mesmas
envolvem. E foi assim que pensou em escrever as “stórias“ para preservar a
cultura tradicional, testemunho para as gerações futuras. A sua herança
cultural foi-lhe contada em crioulo Caboverdiano, língua que une esse povo em
todo mundo.
José
Manuel Martins Pedro
(correspondente de autores africanos)
Lisboa,
23 de Julho de 2017
Muito gostoso de ler o seu texto, José Manuel! O livro da autora deve ser bem interessante. Parabéns! Abraços
ResponderEliminarGrato. Inês por leres sim o livro é muito bonito me senti fazer parte da roda de crianças e pessoas deliciando-me a ouvir as Storias dq a Autora contava. Beijinhos
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