Podem conhecer alguns poemas do livro neste link
Um dia, em Ansião, aquando da apresentação que fiz a
um dos livros do saudoso Vítor Cintra, falei um pouco sobre o que é a minha
convicção sobre o ser-se poeta, e passo a transcrever:
"... ser poeta, para além de escrever versos sobre sentimentos
humanos e criar uma obra literária, é investigar, processar informação e
transmiti-la. Ser poeta é também descobrir e partilhar sabedoria e conhecimento
tal como os professores fazem com os seus alunos."
Hoje, mais que nunca, por consequência do meu trabalho
de divulgação de poesia lusófona, reforço esta ideia, porquanto tenho recebido
alguns livros que encaixam na perfeição no conceito defendido nas palavras
transcritas.
E um dos livros é este: O DESPERTAR DA ALMA PORTUGUESA
- in sonetos, de Cláudio Amílcar Carneiro.
Não é novidade para ninguém o meu apreço pela
estrutura dos sonetos e a minha admiração por todos aqueles que os fazem tal
como mandam as regras. Se a este gosto pessoal juntarmos a tal característica
didáctica ficamos na presença de um livro bem a meu gosto e que representa, em
grande medida, o que deve ser a arte de escrever poesia. E não estou a falar
dos aspectos estéticos e/ou estilísticos. Estou, essencialmente, a referir-me
aos aspectos menos visíveis mas que são demonstração clara do valor daquele que
escreve: o trabalho de pesquisa e construção poética, o apurado conhecimento
das temáticas abordadas e das regras a aplicar dentro da estrutura utilizada, e
também, mas não menos importante, uma tremenda consciência de autor no saber
executar e produzir, com cabeça, tronco e membros, um trabalho pleno de
coerência, com principio, meio e fim.
O DESPERTAR DA ALMA PORTUGUESA – in sonetos, para além
de ser um belo livro de poesia, é também um excelente manual sobre a história de
Portugal.
Ao longo de 14 secções, ficamos a conhecer um pouco
das figuras centrais da nossa história (reis, navegantes, notáveis), somos
levados a visitar (cidades, aldeias, campos, serras e rios), a conviver com o
povo e a conhecer romarias, somos confrontados com factos da nossa história
recente e com aspectos que nos identificam enquanto pátria - sejam de raiz
política, social, cultural ou religiosa.
Este não é um daqueles livros de poesia em que o autor
cria sobre o joelho e depois envolve uma resma de textos numa capa. Este é um
livro de poesia em que o autor derramou muito esforço e trabalho, tanto na pesquisa
como na criação e no burilar. Este é um daqueles livros que não são feitos do
pé para a mão, pela entrega, séria e comprometida, de um autor com a
consciência plena que a sua função vai muito além do entretenimento. Este é um
daqueles livros que vale a pena ler e reler, não só pela beleza estética e
poética mas também, e acima de tudo, pelo seu propósito educativo. Este é um
daqueles livros em que o autor, mais do que poeta, se transforma em docente.
Assim nós, leitores, aceitemos ser seus alunos.
O DESPERTAR DA ALMA PORTUGUESA – in sonetos, é um
livro que recomendo sem reservas.
MANU DIXIT
Sem comentários:
Enviar um comentário
Toca a falar disso