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as páginas do Kyrie, é como se os cantos gregorianos começassem a soar por
nossa alma, antes mesmo de aprofundarmo-nos na leitura de cada poema. Uma
leitura não muito fácil, pois é pontuada por algumas palavras que remetem a
liturgia católica e outras em latim. E mexe com o oculto, a teologia, a
filosofia que carregamos na história de nossas vidas.
Mas
esse tom, que vem do sagrado e que percorre cada poema, que mistura-se com o
profano em versos cadenciados e bem
elaborados fica explícito na arte da boa escrita. É como uma obra de arte, para
apreciar, sentir, aprofundar-se. A relação do autor com ele mesmo, com a
natureza, com a vida, fica bem pontuada, com ritmo e forma. Pura poesia,
daquelas que vem das origens da escrita, revestidas por metáforas e signos.
Percebe-se
o cuidado de Paulo de Carvalho,em fugir do conceito religioso, atendo-se a algo
muito maior do que a religião, com simbolismos e uma linguagem peculiar, as
vivências e reflexões que todo nós em algum momento de nossas existências,
deparamo-nos. O existir de uma força maior e todos os questionamentos que nos
envolve a partir disso, no mais íntimo de nosso ser.
Kyrie
da primeira até a última página, nos leva para essa reflexão e indagação, e a
uma introspecção, não só conduzida pela alma do poeta , mas também nós leitores,
seguimos por esses caminhos, ao nos identificarmos com esse duo que carregamos
desde os primórdios tempos:
A
essência divina que é a chama que nos move, rege e de algum modo orienta, e o
outro lado, concreto, material, que nos
faz tão mundanos, imperfeitos e únicos.
Um
abraço tropical
Adriana
Mayrinck
DRIKKA INQUIT
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