quinta-feira, 4 de maio de 2017

EU FALO DE... FEIRA DO LIVRO DE AUTOR DE VILA FRANCA DE XIRA


Na foto: Vítor Costeira e Emanuel Lomelino

Por sugestão do poeta Alexandre Carvalho, membro da Associação Alves Redol, aceitei participar, como autor, na Feira do Livro de Autor, realizada nos dias 28 e 29 de Abril, no Mercado Municipal de Vila Franca de Xira.

Em primeiro lugar, aceitei este convite, não por achar-me com os méritos suficientes, enquanto autor, para participar em eventos do género, tampouco o fiz com a esperança de retirar grandes proveitos, mas porque acredito que um dos deveres dos autores é auxiliar aqueles que, com poucos meios mas muito empenho, se entregam às hercúleas tarefas de proporcionar formas honestas e descomprometidas de dar visibilidade a uma das vertentes mais importantes em qualquer sociedade: a cultura.

Já perdi a conta às vezes que ouvi autores queixarem-se das poucas iniciativas que possibilitam uma maior difusão das suas obras, no entanto, basta estar atento às actividades de associações locais para se perceber que não são tão poucas quanto isso. E se mais não há, isso deve-se apenas ao desinteresse demonstrado por aqueles que simplesmente se queixam.

Nestes últimos dias tive muito tempo para pensar neste assunto e cheguei a uma triste mas indesmentível verdade: aqueles que apenas se lamuriam, só consideram boas iniciativas, para divulgação e difusão das suas obras, aqueles certames, de pompa e circunstância, como as Feiras do Livro de Lisboa e Porto ou eventos como o Correntes de Escrita da Póvoa de Varzim e negligenciam a importância das actividades locais, logo, menos mediáticas. E, aqui puxo dos galões da minha conhecida sinceridade, não podiam estar mais enganados na forma de pensar. Os grandes certames, os grandes eventos, as grandes feiras, são importantes apenas para aqueles autores que têm, atrás de si, grandes máquinas promocionais que lhes fazem o trabalho de sapa, que os de menor visibilidade não têm e dificilmente terão ao seu dispor.

Acho que, no fundo, esse pensamento enraizado na mente de muitos autores é, mais que falta de humildade, uma tremenda falta de senso por não terem os pés bem assentes no chão e andarem iludidos com as promessas que lhes fizeram e com os sonhos que, outros, souberam alimentar em seu proveito.

Sirvo-me da reflexão anteriormente exposta para ilustrar a reacção, quase premonitória, que tive quando, antes do início da Feira do Livro de Autor, estando em conversa com o outro autor presente (Vítor Costeira) e dois membros da Associação Alves Redol, nos foi informado que mais cinco ou seis autores tinham confirmado a sua presença no evento. Informação essa que, tal como “profetizei”, não se concretizou.

Escusado será dizer qual era o estado de espírito dos elementos da Associação quando confrontados com a dura realidade.

E assim, no primeiro dia, lá ficámos nós (eu e o Vítor Costeira) a transformar em realidade menos penosa, todo o esforço e dedicação daqueles que tomaram a iniciativa de criar este certame literário. No segundo dia tivemos a companhia da autora Maria Luz e, entre visitas de amigos e leitores dos três autores, fez-se a festa à moda dos “poucos mas bons”.

É evidente que as expectativas dos organizadores foram goradas, no entanto, ficaram a saber que todo o esforço e dedicação não caiu em saco roto porque três autores decidiram, e bem, prestigiá-los marcando presença e sendo os pioneiros daquilo que, quem sabe, no futuro, possa vir a ser um evento com maior adesão de autores e assim transformar-se num certame de referência na zona de Vila Franca de Xira. Assim o entendam outros autores para que estas associações não desmoralizem e continuem a ajudar na divulgação e promoção da cultura.

MANU DIXIT

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