Na foto: Vítor Costeira e Emanuel Lomelino
Por sugestão do poeta Alexandre Carvalho, membro da
Associação Alves Redol, aceitei participar, como autor, na Feira do Livro de
Autor, realizada nos dias 28 e 29 de Abril, no Mercado Municipal de Vila Franca
de Xira.
Em primeiro lugar, aceitei este convite, não por
achar-me com os méritos suficientes, enquanto autor, para participar em eventos
do género, tampouco o fiz com a esperança de retirar grandes proveitos, mas
porque acredito que um dos deveres dos autores é auxiliar aqueles que, com
poucos meios mas muito empenho, se entregam às hercúleas tarefas de proporcionar
formas honestas e descomprometidas de dar visibilidade a uma das vertentes mais
importantes em qualquer sociedade: a cultura.
Já perdi a conta às vezes que ouvi autores
queixarem-se das poucas iniciativas que possibilitam uma maior difusão das suas
obras, no entanto, basta estar atento às actividades de associações locais para
se perceber que não são tão poucas quanto isso. E se mais não há, isso deve-se
apenas ao desinteresse demonstrado por aqueles que simplesmente se queixam.
Nestes últimos dias tive muito tempo para pensar neste
assunto e cheguei a uma triste mas indesmentível verdade: aqueles que apenas se
lamuriam, só consideram boas iniciativas, para divulgação e difusão das suas
obras, aqueles certames, de pompa e circunstância, como as Feiras do Livro de
Lisboa e Porto ou eventos como o Correntes de Escrita da Póvoa de Varzim e
negligenciam a importância das actividades locais, logo, menos mediáticas. E,
aqui puxo dos galões da minha conhecida sinceridade, não podiam estar mais
enganados na forma de pensar. Os grandes certames, os grandes eventos, as
grandes feiras, são importantes apenas para aqueles autores que têm, atrás de
si, grandes máquinas promocionais que lhes fazem o trabalho de sapa, que os de
menor visibilidade não têm e dificilmente terão ao seu dispor.
Acho que, no fundo, esse pensamento enraizado na mente
de muitos autores é, mais que falta de humildade, uma tremenda falta de senso
por não terem os pés bem assentes no chão e andarem iludidos com as promessas
que lhes fizeram e com os sonhos que, outros, souberam alimentar em seu
proveito.
Sirvo-me da reflexão anteriormente exposta para
ilustrar a reacção, quase premonitória, que tive quando, antes do início da
Feira do Livro de Autor, estando em conversa com o outro autor presente (Vítor
Costeira) e dois membros da Associação Alves Redol, nos foi informado que mais
cinco ou seis autores tinham confirmado a sua presença no evento. Informação
essa que, tal como “profetizei”, não se concretizou.
Escusado será dizer qual era o estado de espírito dos
elementos da Associação quando confrontados com a dura realidade.
E assim, no primeiro dia, lá ficámos nós (eu e o Vítor
Costeira) a transformar em realidade menos penosa, todo o esforço e dedicação
daqueles que tomaram a iniciativa de criar este certame literário. No segundo
dia tivemos a companhia da autora Maria Luz e, entre visitas de amigos e
leitores dos três autores, fez-se a festa à moda dos “poucos mas bons”.
É evidente que as expectativas dos organizadores foram
goradas, no entanto, ficaram a saber que todo o esforço e dedicação não caiu em
saco roto porque três autores decidiram, e bem, prestigiá-los marcando presença
e sendo os pioneiros daquilo que, quem sabe, no futuro, possa vir a ser um
evento com maior adesão de autores e assim transformar-se num certame de
referência na zona de Vila Franca de Xira. Assim o entendam outros autores para
que estas associações não desmoralizem e continuem a ajudar na divulgação e
promoção da cultura.
MANU DIXIT
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