Uma das vantagens evidentes das parcerias dos meus
blogues com editoras é, sem sombra de dúvida, a possibilidade que me é dada de
conhecer autores que, de outra forma, me passariam despercebidos, porquanto são
tantos a serem editados que é humanamente impossível acompanhar todos. Neste
contexto, e através da parceria com a Edições Vieira da Silva, chegou até mim
PÁSSAROS SEM NINHO de ISABEL BRANCO, autora com um largo percurso que me era
completamente desconhecido.
Com uma linguagem simples mas, nitidamente, com muita
burilação das palavras e dos versos, neste livro, a autora transporta-nos numa
viagem/busca, que é a sua e na qual conseguimos rever-nos com facilidade.
Tal como o título sugere, PÁSSAROS SEM NINHO é uma
demanda irrequieta, constante e cheia de perseverança por um lugar ideal. Ao
longo da leitura dos poemas somos confrontados com as dúvidas/incertezas da
poeta que também são as nossas. E apesar de algumas respostas, a
insatisfação/inconformismo permanece. Talvez porque o “ideal” seja um sonho
utópico (muitas vezes demasiado longe) ou, estando perto, mantém-se longe do
olhar de forma camuflada. E, mesmo quando se julga ter encontrado o “objecto”
de busca, há sempre algo em falta que justifica a continuidade da tal demanda;
de um recomeço.
Este livro é composto por poemas que alertam para a
inexistente ligação que temos com tudo aquilo a que pensamos estar umbilicalmente
ligados. No fundo, a mensagem principal está em algumas máximas que podem até
chocar mas que são verdades incontornáveis. Ninguém é de ninguém mesmo sendo
parte de um todo. Ninguém é de lugar algum mesmo pertencendo a este mundo.
PÁSSAROS SEM NINHO, de Isabel Branco, teve o condão de
me proporcionar inolvidáveis momentos de leitura e recomendo vivamente. Um dos
melhores livros de poesia que li, em muito tempo.
MANU DIXIT
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