Regra geral, é complicado escrever umas quantas
palavras sobre a obra de um autor que conhecemos sem evitar que as mesmas se
façam escutar como meros elogios de amizade, no entanto, não podia deixar
passar a oportunidade de, correndo o risco de ser entendido de forma
incorrecta, tecer algumas considerações sobre o mais recente trabalho do poeta
e amigo António MR Martins.
António MR Martins é um dos autores cuja vasta obra
editada acompanho desde o início. Ao longo dos anos, e a cada livro colocado
nos escaparates, este poeta de mão cheia, tem brindado os seus leitores com uma
poesia inconfundível. Independentemente das temáticas e dos géneros utilizados
no acto de criação, a escrita que nos apresenta tem uma forte marca identitária
que o separa dos restantes. Comummente, esta característica, é designada por
"voz própria" e é através dela que os autores se distinguem, ganham
algum destaque pela diferença e se transformam em referência, pela capacidade
de influenciar/inspirar as criações de outros autores.
Neste novo trabalho (EMPRESTA-ME A PALAVRA) António MR
Martins, quis elevar a fasquia e proporcionar aos seus leitores um verdadeiro
manual de como escrever sob influência/inspiração de outros autores mantendo a
"voz própria". Por outras palavras, neste livro o autor, que
conquistou com a sua obra o estatuto de referência, cria os seus textos em
redor de fragmentos de obras de outros autores, que são as suas referências.
À primeira vista, e para aqueles que simplesmente escrevem,
esta pode parecer a mais fácil das formas de criação; puro engano. Para
realizar-se algo desta índole são necessárias muitas horas de leitura, pesquisa
e trabalho exaustivo com as palavras. Este género de empreitadas exige grande
conhecimento das obras e dos autores e uma enorme capacidade de filtrar, entre
as informações recolhidas, o essencial e transformá-lo em material relevante
para a construção de novos textos.
Em resumo, EMPRESTA-ME A PALAVRA acaba por ser quase
um livro de diálogos, entre António MR Martins e todos os autores cujos
versos/frases utilizou como epigrafes. De um lado temos uma miríade de autores
e suas "sentenças" e do outro temos António MR Martins a contribuir
com a sua "voz própria".
Um livro que recomendo vivamente.
MANU DIXIT
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