OS MEUS AGRADECIMENTOS À ESCRITORA MARIA FÁTIMA SOARES PELA PRONTIDÃO COM QUE RESPONDEU AFIRMATIVAMENTE AO MEU DESAFIO
CONJECTURANDO
Hoje há de tudo. Cursos de escrita criativa, de como
devemos falar, andar, mexer, sentar, comer, olhar, amar e… Como se duas pessoas
não soubessem no início de tudo, sem ninguém explicar nada, como proceder e
encaixar-se, de modo a chegarmos a hoje. Concordo com o aperfeiçoamento
contínuo! O interesse inesgotável sobre todos os assuntos e a inquietação
inerente a cada um, mas creio, com uma convicção marcada, que quem não nasce
com um pouco de tinta diluída no sangue (de modo a fazer entoar as letras como
um cântico imortal, de beleza infinita) ficará sempre aquém, dos “mestres,” a
quem pouco ou nada foi ensinado, mas descoberto a pulso… Genuinamente lhes foi
“metido” no sangue, aquando das características, de quem viriam a ser e
frequentem-se os cursos que se frequentarem, nunca se deixará de ser uma parca
semelhança ainda que isso contrarie, nos doa e custe a admitir. Nem todos
nasceram para “génio.” Nem todos nascemos com o “dom!”
E há tantos que nascendo com ele, não se funde ali,
nos caracteres escritos mas noutra forma qualquer de “expressão” que se deve
alimentar. Sem continuar a lavrar numa teimosia, de que todos somos quem
gostaríamos, ou pretendemos ser. Não sou contra cursos, ou estudos, diga-se.
Não, sou! Só se chega a um discurso “brilhante” ou capaz, após aturada leitura,
procura, análise exaustiva do que os outros fazem! Pensam e contrapondo as
nossas próprias ideias e estilos. Mas muito negócio se faz, com tudo e um tudo,
de um todo, visível na etimologia (sentido límpido, cristalino, para que está
direcionado) ou maviosamente velado, que serve para se diluir no encanto, que
pode derivar unicamente, em ganhar-se dinheiro. A literatura, penso eu, é a
filha bastarda das artes. Será sempre a menos querida, sendo de entre todas
quiçá a mais brilhante. Que me perdoem os pintores, todos os ramos na pintura
inseridos. A dança, com a deusa música, como patrona. E tantos filhos e
sobrinhos, que foram crescendo por aí ao longo dos tempos, fruto de ligações
legítimas ou fortuitas delas (artes) com cada artista, por consequência, cada
amante, seu… Que breve as esqueceu ou trocou! Chamou a si, como paixão única.
Indelével, as imprimiu na carne, tornando-as eternas à custa de muito. Muito
mesmo. Sacrifício de tudo! Incompreensão de bastante. Sangue suor lágrimas como
uma guerra pessoal, que muitas vezes se trava solitário, contra tudo e todos (
ou quase) que descrêem. Não são sensíveis a ponto de compreender porque se ama…
Assim!
E a Literatura é tanto, para mim e muitos, que podia
escrever eternamente sem chegar a uma conclusão pacífica e conclusiva num ponto
final, de… Fim! A literatura é antes de mais, como tudo a que nos propomos e
assim deve ser, AMOR, mas formação de espírito. Essa, ninguém a adquire ou
“vende,” se não se nasce com ela. Não se adquire em nenhuma banca de mercado,
curso de faculdade, ou ensino “avulso” de como “se faz”… Quando o nosso cérebro
e o coração. A alma! É que nos deve comandar, os dedos e produzir obras de
admirar. A literatura é acima de tudo respeitarmo-nos. Respeitar os outros.
Nenhuma arte traduz tão bem o comportamento e o que é “devido,” como outros
“braços” da literatura (psicologia, filosofia etc) mas também contornável, numa
revolta massiva e construtiva, que as letras possibilitam ao pensamento! Ao
sentimento, que se constrói duma realidade que se sente, e por vezes rebenta
num… “Sei que não vou por aí!” É não só amar o próximo, porque houve um Deus
que mandou, mas exatamente porque o homem/mulher que somos, entende assim! Acha
que ele merece. É não invejar, provocar, armadilhar, maldizer, desvalorizar.
Não comparecendo. É ouvir. Combater pelo mesmo fim e querer estar ao lado! Ser
escritor é ser sensível, mais que a maioria. Amar as letras e o mundo e querer
para os outros, o que queremos atingir. Seja isso o sucesso ou a merda em larga
escala. Muita! Como se diz no teatro. E que se “partam todas as pernas do
mundo!” Seja aplaudido, de pé, quando alguém entoa um poema em viva voz.
Proclama um excerto de texto. É estar lá! Nos eventos dos outros, não só que
gostemos que apareçam nos nossos. Estar calado e atento. Se possível,
embevecido e enlevado, (não pedirei tanto…) Porque nos merecem respeito. E
admiração. Aplauso! O nosso foco total. Orgulho em ser parceiro, ou somente
conhecer de vista. Chegar à fala… É saber como agir e às claras! Não se chegar
a ninguém unicamente para tirar proveitos e depois esquecer. Só para nos
esclarecermos de quais os passos a dar futuramente, para nos promovermos de
seguida e “ultrapassar” e minar! Isso é acoitar-se na mais desprezível atitude
de quem não é de bem. Servir-se de quem nos serviu e não mais valorizar essa
ajuda é não só ingrato, mas indigno. Adulá-los e manobrá-los e depois cuspi-los,
porque já nos posicionámos do centro nevrálgico da “coisa.” Poderia condenar
todo o oportunismo e cinismo. Toda a velhacaria e profunda anomalia que são
alguns, nestes meandros da escrita. Como os haverá noutros locais (e nas
variadas artes), mas não o faço. Não o merecem! Não mais que esta citação
lógica, do quão ignóbil é, quem assim procede. Quem se presta a roubar um
livro, quando nunca ninguém lhe disse que seria obrigado a comprá-lo. Só o
convidou para ali, pelo prazer de compartilhar um momento bonito, não pela
vaidade ou supremacia. Porém há quem nunca seja belo e consequentemente,
transforme em feio, tudo aquilo em que toca. Há muito, muito que me levaria a
ser idosa e de cabelos brancos, sem ver o tempo a passar, e continuaria a
escrever para explicar, nunca conseguindo fazê-lo!
Há outra coisa importante e ligada a quem escreve, que
depõe todas as suas esperanças em alguém que lê, mas não só! Depõe num outro,
que o promove. E assim: Todo o editor DEVIA ser um pai! Tendo esse papel,
jamais condenar ao fracasso. Favorecer. Escolher. Dividir. Apenas promover,
uns. Entender, escutar e Amar que não equitativamente. Fazendo-o com o mesmo
fervor e orgulho ao “filho” mais dotado, do que o mais “desajeitado.” Até ao
controverso e revoltado. Porque todos somos, a nosso modo, brilhantes. Temos a
nosso modo, valor. Que não sejamos uns… Lapidados! Outros só polidos. Porque se
nascemos iguais. Iguais devem ser as oportunidades. E lealmente atribuídas.
Olá, Emanuel! Obrigada por mais este artigo. A autora aborda tantas temáticas e todas elas tão pertinentes que é difícil escolher por onde começar a refletir. Reconheço nos temas alguns dos que já foram abordados por ti neste blogue (ou terão sido todos?). Gostei sobretudo dos dois últimos parágrafos. Beijinhos
ResponderEliminarOlá Marta!
EliminarA Fátima é uma autora com um enorme talento e, simultaneamente, é dotada de um carácter acutilante. Não tem papas na língua e dispara em todas as direcções sempre que acha necessário, sem receios nem temores porque, tal como eu, também gosta de colocar o dedo nas feridas e escarafunchar.
Obrigado pela tua presença constante e participativa neste espaço.
Beijo.