quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

SOBRE "CIDADE EMPRESTADA"

CIDADE EMPRESTADA - FRANCISCO VALVERDE ARSÉNIO

Existem livros assim! Daqueles que nos fazem viajar dentro de nós mesmos através das palavras, quase sábias, dos seus autores. Palavras que, apesar de escritas e impressas em folhas de papel, parecem ser providas de voz que ecoa nos nossos ouvidos e nos desperta os sentidos.

Existem livros assim! Daqueles que nos fazem acreditar que tudo é possível na vida e que os males do mundo são insignificâncias às quais se dá demasiada importância em detrimento das coisas que realmente interessam.

Existem livros assim! Daqueles que nos prendem sem algemas nem ameaças e nos dão a capacidade de usufruir, em toda a sua plenitude, de liberdade suprema. Liberdade que se conquista a cada palavra lida e compreendida.

Existem livros assim! Daqueles que nos provocam reacções e contradições; nos sugerem alternativas e novos rumos; nos ensinam que o melhor trajecto para o ser humano é ser igual a si próprio, mesmo que existam encruzilhadas e desvios ao longo do caminho.

Existem livros assim! Daqueles que nos fazem parar para reflectir; pensar nos obstáculos que a vida nos coloca pela frente, nas vitórias e derrotas como seres humanos e ainda lhes sobra tempo e espaço para nos proporcionar enormes momentos de prazer na leitura.

Existem livros assim! Daqueles que nos aconchegam e abandonam a cada passo; nos abraçam e nos apontam o dedo como se, ao escrevê-los, os autores estivessem a falar de nós com conhecimento profundo daquilo que somos, fazemos e pensamos. Livros que nos exigem e nos cobram, nos inspiram, incitam e provocam.

Sim! Existem livros assim! E eu tenho um desses livros aqui, ao meu lado, fazendo-me companhia. Obrigando-me a reflectir sobre as minhas vitórias e derrotas. Prendendo-me às suas palavras através das algemas que são conceitos e ideias sobre vários aspectos da vida. Dando-me toda a liberdade de raciocínio e livre arbítrio na descoberta das diferenças e semelhanças entre mim e o seu autor, que me aproximam ou afastam dele e das suas palavras. Este livro conhece-me e cobra-me toda a atenção que lhe dispenso. Este livro tem estado a provocar-me e é uma grande fonte de inspiração.

Ao contrário do que muitos pensam, este é um livro de poesia!

Tal como o próprio autor tem dito em várias ocasiões, também eu acredito que a poesia não é nem pode ser apenas versos sobre versos, rimas sobre rimas. Tampouco deve ficar umbilicalmente ligada a conceitos ríspidos e de pura subserviência que mais não fazem que restringir, não só a própria poesia mas também o criador. Poesia, mais que escrita nutrida de beleza construtiva e floreados técnicos, deve ser portadora de mensagem, conteúdo e sentimento. Se tiver todos estes ingredientes, pouco me importa se tem rima, cruzada ou emparelhada, se os versos são decassilábicos ou brancos ou se a apelidam de prosa poética. Para mim, e não sou o único a afirmar isto, poesia é bem mais que estilo ou género. Poesia é estado de alma, é interacção, é expressão de conceitos, ideias e sentimentos, é diálogo, conversa animada, séria, lúdica e assertiva. Enfim, poesia é, acima de tudo, comunicação. E este livro tem um enorme grau de comunicabilidade.

Ao ler e reler este livro sinto vontade de lhe dizer as suas próprias palavras:

“Não me lembro se chegaste a pedir para entrar nos meus dias... mas que importa... apetece-me afundar no teu olhar e perdermo-nos num momento que não termine nunca.”

MANU DIXIT


4 comentários:

  1. Ainda bem que existem livros assim!
    Conheço a escrita/poesia do Franscisco Valverde Arsénio, através do Facebook!
    Tenho pena que este livro (ainda) não esteja na minha pequena estante.
    Estar longe, é estar longe de tudo...é não poder beber das mesmas fontes que outras pessoas e saciar a sede crescente...

    Para ti meu Amigo Poeta
    Beijinhos dos Alpes

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Este é sem qualquer dúvida o melhor livro de 2013. Tem sido inspirador e, tão cedo, não vai fazer companhia aos outros que estão nas estantes.
      Beijo luso e abraços para Romanshorn.

      Eliminar
  2. Sensibilizado pelo acolhimento das minhas palavras, apraz-me deixar aqui um forte abraço de agradecimento.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Francisco! Existem livros assim! E o CIDADE EMPRESTADA é um desses! Abraço.

      Eliminar

Toca a falar disso