Imagina-se um reino com castelo, família real,
conselheiros, exército, camponeses, aldeias, florestas e santuários.
Mistifica-se uma lenda que rege todo um império. Criam-se múltiplas personagens
com caracteres muito próprios e diferentes ambições. Inventa-se um enredo e
algumas aventuras. Junta-se a sempre eterna história de amor impossível.
Dá-se corpo a um personagem principal credível, com
algumas qualidades, mas também defeitos, resultantes da sua história de vida.
Enfeita-se o seu temperamento com laivos de obstinação nuns casos, descrença e
conformismo noutros e muita teimosia. Instiga-se uma paixão que vai contra os
preceitos sociais tão característicos de uma monarquia. E por fim leva-se o
inesperado herói a viver uma série de peripécias, a experimentar novas
sensações enfrentando os seus medos e descobrindo novas qualidades.
Dá-se vida a um vilão ambicioso e cruel que se
transforma num rival de morte do herói e que tenta, por todos os meios ao seu
alcance, humanos e místicos, destruí-lo na sua demanda; com uma perseverança
quase inabalável e desprezo total pelos valores humanos essenciais.
Adiciona-se o aparecimento de diversas divindades e
seres do submundo que, colocados em extremos opostos e com mais ou menos
influência, vão ajudando ou complicando as acções dos rivais.
Cria-se, em ambos os lados do conflito de interesses,
um núcleo de outras personagens que servem de suporte a todo o enredo e dão ao
leitor a possibilidade de viver outras histórias dentro da história principal.
Relatam-se, com grande riqueza descritiva, algumas
viagens ao longo de todo o reino, encontros e desencontros, choques de personalidade
influenciados pelas diferentes formas de pensar e agir dos distintos
personagens e descrevem-se inúmeras batalhas; tanto intelectuais como físicas.
Vão-se descobrindo interesses ocultos, verdades
camufladas e ambições escondidas. Os personagens aprendem e finalmente
compreendem o quanto evoluíram ao longo das aventuras que viveram. E dá-se o
desenlace de toda a trama com algumas surpresas, tanto para os personagens como
para os leitores.
Tudo isto colocado sob as mesmas páginas de um livro
tem como resultado final um bom romance de fantasia e fantástico.
Dito desta forma tão simplista, até parece tarefa
fácil escrever este género literário que,
como muitos saberão, não é
propriamente aquele que mais me atrai enquanto leitor.
Ao contrário do que é dedutível pelo parágrafos
anteriores, escrever um romance desta natureza implica muito mais. Não basta
ter-se uma imaginação fértil. É necessário muito método, rigor, coerência e,
quanto a mim um ingrediente fundamental, muita paixão pelo acto criativo.
E aqui chegados tenho de falar sobre o criador desta
história: Rob Max Willyam, brasileiro de berço, nascido em S. Paulo -
alentejano adoptivo, residente em Portalegre.
Tenho de falar do autor porque foi através de uma
longa conversa que tive com ele durante um final de tarde e que se prolongou no
tempo até perto das onze da noite de um Sábado, que fiquei a conhecer um dos
autores mais apaixonados pela sua arte que alguma vez vi.
A paixão pela escrita e, consequentemente, pelas
histórias que elabora é tão intensa que, não cometerei nenhuma imprecisão ao
dizer isto, ele chega a viver com o mesmo entusiasmo e a sentir as mesmas
emoções que cada um dos seus personagens ao longo das narrativas que cria. Mais...
a ligação é de tal ordem que ele - o autor - consegue descrever o perfil
psicológico e relatar, com precisão cronológica, a evolução mental que cada um
dos personagens sofre ao longo do livro, numa simples conversa de café, como se
estivesse a falar de pessoas reais que ocupam lugar importante na sua vida.
Se esta ligação embrionária que o autor tem, com todo o elenco das histórias que escreve, não bastasse para surpreender, descobri também a forma metódica, precisa e elaborada até ao mais ínfimo detalhe que ele utiliza ao longo de todo o processo criativo. E para provar o que digo mencionarei apenas que na cabeça do autor já estão elaborados pormenorizadamente todos os elementos criativos e estilísticos que farão parte dos dois volumes que completarão aquilo que ele pretende desde o início: uma trilogia.
Esse cuidado estrutural que o autor faz questão de
seguir, sem desvios, pude confirmá-lo ao confrontar as suas palavras com aquilo
que verifiquei ao ler o seu livro. Cada uma das personagens tem características
muito próprias que, para além de serem de uma coerência minuciosa, dão um
tremendo cunho de humanidade e servem para criar empatias e desconfortos ao
leitor quando confrontado com esses mesmos personagens. Desta forma, para mim
surpreendente e engenhosa, o autor consegue incutir no romance uma grande dose
de realidade, acabando por transformar todo o livro numa metáfora sobre a vida
e na qual, com mais ou menos intensidade, cada um de nós, leitores, pode
facilmente rever-se e identificar.
Se a esse rigor estrutural juntarmos um cunho muito
personalizado na hora de desenvolver os diálogos - elementos imprescindíveis
desta narrativa – com um cariz sentenciador e quase moralista, acabamos por
descobrir que, para além de criativo, o autor consegue demonstrar alguma
originalidade no modo como aborda temáticas contemporâneas e as incorpora de
forma perfeita numa realidade ficcional e, por inerência, fantasiosa.
Para terminar e reforçando a ideia que este género de
escrita não é aquele que mais me cativa, sempre adianto que, na minha interpretação
leiga deste romance, a história e, principalmente, o autor têm pernas para
andar e continuar a transformar o sonho em realidade. Assim o permitam as
circunstâncias e a aceitação por parte dos leitores.
Para ler - OS QUATRO ELEMENTOS de ROB MAX WILLYAM - EDITORA UNIVERSUS
MANU DIXIT
Muito obrigado pelo comentário não , realmente sua observação foi perfeita, adorei conhecer uma pessoa como você, atenciosa, amigo, irreverente, espero podemos estar mais tempos juntos aprendi muito com você numa conversa de café, felicidades e sou seu fan.
ResponderEliminarO caminho é em frente sem cair em tentações de facilitismo.
EliminarAbraço.
Olá, Max e Emanuel! Ao contrário do que acontece com o Emanuel, este é efetivamente o meu género literário de eleição. Tenho muito pena, Max, de (por motivos profissionais) não ter podido estar presente no lançamento do seu livro, mas irei colocá-lo na minha lista de leituras para o novo ano. Parabéns, Max, por um livro que promete ser empolgante! E obrigada, Emanuel, por mais uma vez teres falado a favor de um género literário que, passo a passo, irá certamente conquistar o mercado livreiro português. Votos de um Ano Novo mágico para ambos. Beijinhos :-)
ResponderEliminarMarta! Como tenho referido muitas vezes, grande parte do sucesso dos livros cabe a nós autores construí-lo. Por isso existe este espaço que aos poucos também vai crescendo.
EliminarBom 2014. Beijos.
muito obrigado marta, eu também estou ansioso para ler a sua obra, e muito mais para te conhecer pessoalmente.
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