quinta-feira, 13 de junho de 2013

EU FALO DE... ACORDO ORTOGRÁFICO


Muito se tem escrito e falado sobre o acordo ortográfico; contra e a favor. Independente da minha opinião e ignorando os argumentos de ambos os lados, aquilo que me apraz dizer é que, seja qual for o destino final desta iniciativa, ela nasceu torta e assim ficará ad aeternum.
Em primeiro lugar e, quanto a mim, o maior erro de todo este processo foi a forma arrogante como este acordo foi apresentado. Tal como vem sendo habitual na nossa sociedade, as decisões finais ganharam forma de irreversibilidade sem que em primeiro lugar tivesse existido uma discussão séria e equilibrada sobre todas as matérias. Discussão essa que deveria ter sido feita previamente e não ulteriormente, como veio a acontecer.

Se por um lado, os mentores deste acordo não se deram ao trabalho de ouvir todos aqueles que deveriam ser ouvidos, por outro lado, quem deveria ter sido escutado remeteu-se ao silêncio quando deveria ter falado e só se fizeram ouvir as vozes da discordância quando o acordo tomou corpo de lei, isto é, depois que foi aprovado.
Entre tanto ruído que se fez após a aprovação deste acordo ortográfico, aquilo que mais me intriga - tendo em consideração que este é um acordo da lusofonia - é a indisponibilidade do Brasil em aplicá-lo de imediato, por considerar existirem dúvidas na aplicabilidade de alguns pontos e a recusa dos PALOP em lhe dar legitimidade. Feitas as contas, o único país onde o acordo está efectivamente aplicado é Portugal.

A conclusão óbvia de todo este processo é simples: aquilo que pretendia ser a uniformização de uma língua esbarrou na impossibilidade de se uniformizar o que nunca será uniformizável.

MANU DIXIT

4 comentários:

  1. A resposta é simples: onde houver interesses económicos ou financeiros não se toca, melhor, será sempre para preservar!
    Esta é a mentalidade portuguesa, e deixemos de atacar o Brasil dizendo que "eles" nos querem impor este Acordo, pelo contrário, somos nós que estamos a tentar impor tudo isto... a impor o desAcordo, creio que não será muito difícil de constatar!

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    1. A questão passa precisamente por esse ponto que refere. Enquanto houver interesses económicos por parte de meia dúzia de iluminados e tendo em conta a passividade reinante, é muito fácil fazer passar ideias erradas quando se tem do lado o poder de manipular a informação. Essa questão do Brasil é sintomática; o acordo tal está não lhes agrada nem um pouco e até começam a perder a paciência com a arrogância dos iluminados aqui da Lusitânia.
      Obrigado pela visita comentada.

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  2. Na verdade eu que já uso o novo AO naquilo que escrevo, sem querer entrar em qualquer polémica, temo que aconteça o mesmo que aconteceu ao AO luso-brasileiro de 1945, imposto por Salazar, que acabou por ser aplicado apenas em Portugal e cujo término de aplicação foi em 1971. Na verdade, para muitos de nós que nasceram depois de 1945, eu incluído, escrevemos (escrevíamos) antes deste último AO segundo um acordo talvez mais pernicioso e antidemocrático do que o atual e nem nos ralamos com isso. Um abraço.

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  3. Concordo com os argumentos que sustentam as reflexões aqui suscitadas em torno do AO.
    Não consigo admitir que certas palavras percam a sua raiz etimológica, nem entendo como foi possível que tal acontecesse.
    De notar situações caricatas, como Egito e egípcios .
    Para já sigo a ortografia anterior ao Acordo Ortográfico até ser viável.
    Uma saudação.

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