BookCrossing
Para quem não sabe é
uma espécie de clube de livros global, que atravessa o tempo e o espaço.
É um grupo de leitura
que não conhece limites geográficos, como se fosse uma Biblioteca Mundial ou
uma rede social que pretende conectar pessoas através de livros.
Os seus membros gostam
tanto de livros que não se importam de se separar deles, libertando-os, para
que possam ser encontrados por outros.
Muitos amantes da
leitura pensam que gostar de ler significa amontoar livros já lidos,
alguns não vão ser lidos de novo mas
ficam nas prateleiras da estante a acumular poeira. Os Bookcrosser’s aprendem a partilhar esses livros e a dar a
outros oportunidade de usufruir do prazer de os ler.
Há várias maneiras de o
fazer e isso podem descobrir acedendo ao site que, felizmente, já possui
plataforma em português.
Foi lançado em 21 de
Abril de 2001, nos Estados Unidos e, a partir daí, espalhou-se por todo o mundo
muito rapidamente. O primeiro Bookcrosser português registou-se em 2002. Desde
então o número de portugueses tem vindo a aumentar, havendo neste momento mais
de 10 000 Bookcrossers portugueses registados. A nível mundial, Portugal é
neste momento o décimo país com mais membros.
Eu inscrevi-me no site
em 30 Novembro de 2007 e comecei por registar 1 exemplar do meu primeiro livro,
Desencontros Virtuais.
O fórum português (http://www.bookcrossing.com/forum/19
) é geralmente o primeiro local onde se tem contato com os restantes membros.
Aqui os bookcrossers portugueses podem trocar impressões sobre os livros que
lêem, recomendar autores e descobrir novas leituras. Mas, mais do que isso é
também um ponto de encontro de uma comunidade centrada à volta da leitura. Aqui
criam-se amizades que duram para uma vida. Mais ativos nos bookrings e nas
trocas do que propriamente na libertação de livros (podem pesquisar no site o
que são os bookrings e as trocas de livros), os Bookcrossers portugueses nunca
deixam de promover ações a nível nacional como a convenção anual, encontros,
piqueniques, passeios e libertações em massa, onde não só se tenta espalhar a
missão do Bookcrossing (transformar o mundo numa biblioteca), mas também se
reencontram velhos amigos.
Foi no fórum que, pouco
a pouco, fui entendendo o espirito do BookCrossing. Um dos membros aconselhou-me a colocar o meu livro em BookRay ou BookRing, explicando que a
diferença era que no 1º caso o livro era lido pelas pessoas que se inscreviam
para tal e, no fim, seria libertado num lugar qualquer para que alguém o
encontrasse e no 2º caso, o livro voltaria para o seu dono.
Resolvi colocá-lo na
1ª.opção e lá seguiu ele para a 1ª.pessoa que se inscreveu (de um total de 29).
Entretanto, registei
outro exemplar mas para esse experimentei a verdadeira essência do BookCrossing
que consiste em permitir aos livros encontrar novos leitores.
A libertação do livro é
o passo principal, consiste em deixá-lo num local onde possa ser encontrado
para que possa ser lido e podemos seguir o seu percurso se a pessoa que o
encontrar entrar no site e registar que está em seu poder e deverá voltar a
"abandoná-lo" quando terminar de o ler, deixando a sua opinião sobre
o livro.
Por isso, antes de
libertar um livro, convém identificá-lo correctamente, para que o próximo
leitor saiba que se trata de um livro do BookCrossing, e que deve vir ao site
dar notícias dele.
Depois da minha
primeira experiência, com livros da
minha autoria que, curiosamente, acabaram por ir parar ao Brasil, registei no
site os livros da minha estante e, a partir daí, tenho lido, emprestado,
libertado… enfim, a minha relação com os livros nunca mais foi a mesma. Neste 5
anos de BookCrossing muitas histórias
curiosas poderia contar-vos mas iria alongar-me demasiado.
Neste momento, já não
sou tão presente no movimento mas,
sempre que posso, aconselho-o pois foi graças ao BookCrossing que descobri
novos autores e novos géneros literários que nunca tinha experimentado, recomendados
por quem realmente gosta de ler e que não tem intenções comerciais. Por outro
lado, posso partilhar com outras pessoas as minhas leituras, negando a
tradicional ideia de que a leitura é um ato isolado. E claro, não posso
esquecer a grande emoção que é receber um email com notícias de um livro
libertado na rua, saber que encontrou novos leitores e que fez alguém feliz.
Claro que devemos ter
sempre em conta o facto de que ninguém é obrigado a emprestar livros da sua
biblioteca pessoal, e muito menos somos obrigados a enviar os nossos livros a
alguém que facilmente os encontra numa biblioteca municipal.
O que o BookCrossing
permite é a criação de um sentimento de partilha e isso é muito gratificante.
A descoberta deste
verdadeiro mundo é uma experiência única para quem gosta de ler e de partilhar
esse gosto.
MARIA EUGÉNIA
PONTE
Gostei do testemunho e da forma como a Eugénia nos faz conhecer este conceito.
ResponderEliminarNo entanto eu e os meus livros temos uma relação inseparável.
Quase nunca empresto um livro só mesmo a quem os trata com a mesma paixão que eu. E todos os que tenho quase sempre volto a ler, tenho livros com mais de 20 anos que ainda hoje releio. O facto de os não libertar poderá ser um ato egoísta,se é, sou egoísta com os meus amigos livros.
Já entrei no site mas assim em jeito de fugida o que achei mais interessante é o facto de poder partilhar a experiência de leitura com outros "amantes" dos livros.
Um artigo bastante interessante, parabéns ao Emanuel e à Eugénia.
Beijinhos
Ana! Tal como tu, também sou "egoísta" com os meus amigos livros e vou ainda mais longe... nem os empresto. No passado, quando o fiz, nunca mais os vi e nem sabem deles!!! E ando sempre a reler e aprender coisas novas cada vez que os leio.
EliminarMas o BookCrossing não deixa de ser um conceito interessante. E como tem tudo a ver com este blogue faz sentido este artigo da Maria Eugénia!
Beijoca.
Pois eu garanto-vos que pensava e sentia da mesma maneira até entrar para o BookCrossing.
ResponderEliminarMesmo livros que eu sabia que dificilmente voltaria a ler custava-me separar-me deles, emprestava à minha sobrinha mais velha (tão fanática da leitura quanto eu) e, mesmo assim, controlava se ela os devolvia.
Foi no BookCrossing que eu comecei a sentir que o prazer de partilhar era maior que o prazer de guardar.
Há uma relação de confiança entre os bookcrosser's que, aliada a alguns cuidados que convém ter, claro, nos garantem que os livros emprestados voltam para casa.
E só emprestamos aqueles que queremos, obviamente...
Não se trata propriamente de ser ou não egoista, é uma outra forma de sentir e viver os livros e a leitura.
E isso cultiva-se, é uma nova filosofia, atrevo-me a dizer que o nosso amor aos livros nos faz ter vontade de os deixar voar ao vento para serem felizes noutras paragens e fazerem felizes outros leitores.
Libertar um livro ao vento, como dizemos, é uma sensação tão boa, mas tão boa... que só vivenciando isso se consegue perceber/explicar.
:-)
"Viver para aprender" esta ainda não aprendi mas não digo nunca, digo somente que para já me custa a" entrar nessa" :-)
ResponderEliminarO que me aborrece nos Bookrings é a falta de respeito de muitas pessoas pelos outros e já tive várias pegas com outros bookcrossers que não pensam como eu. Refiro-me à falta de cumprimento dos prazos. Quem põe um livro a circular indica as condições, entre as quais costuma ser a fixação de um mês para cada um ler, comentar e passar o livro ao seguinte. Parece-me um prazo razoável e que satisfaz a ansiedade dos que estão ansiosos para também ler o livro. Mas muitos chegam a ter o livro na sua posse até um ano ou mais e as expetativas das pessoas saem frustradas. Foi isso que me levou a deixar de fazer os muitos rings que fiz noutros tempos.
EliminarUltimamente, não tenho sido muito assíduo no Bookcrossing por falta de tempo, mas continuo a adorar o conceito.
Obrigado pela visita e testemunho! Todas as opiniões e experiências são importantes como fonte de esclarecimento.
EliminarExcelente artigo, parabéns!
ResponderEliminarE, obrigado por promoveres o BC em nome de todos.
Este blogue existe para se falar de tudo o que pode estar relacionado com a literatura.
EliminarGrato pela visita.
O Bookcrossing implica um bocadinho de trabalho e controle, se queremos que as coisas funcionem bem.
ResponderEliminarPegando no comentário do vibarao, a falta de cumprimento dos prazos de leitura, seja nos BookRing's ou nos BookRay's (estou a utilizar estes termos porque explico no artigo o que significam...) é desagradável e confesso que eu própria também já tenho "prevaricado" mas se a pessoa que organiza (o dono do livro) estiver atenta, quando verifica que determinado bookcrosser está a demorar mais do que devia, uma PM (PM = mensagem pessoal pelo sistema de mensagens do BookCrossing) a chamar a atenção para isso é a solução.
Eu sou pouco organizada e já me aconteceu dar conta que tinha emprestado um livro que já estava há um ano na posse da outra pessoa.
Mas ainda bem que isso aconteceu porque, se não fosse esse atraso, não teria oportunidade de conhecer essa pessoa de quem hoje sou muito amiga.
É que ela veio de propósito a Alenquer para se redimir pessoalmente e entregar-me o livro em mão...
Claro que não seria necessário chegar a tanto mas quando as pessoas são honestas e corretas tudo funciona bem.
E ninguém tem que levar a mal quando recebe no mail uma PM a perguntar:
- Tens o livro x desde dd/mm/aaaa, ainda demoras muito a lê-lo para passares ao seguinte da lista?
Falando por mim, não fico nada aborrecida e resolvo o assunto sem qualquer problema.
:-)
Obrigada, Jó Andrade, pela parte que me toca.
ResponderEliminarE já agora, obrigada também ao Emanuel por me ter desafiado a escrever sobre o BookCrossing, mesmo não sabendo muito bem do que se tratava.
:-)
Maria Eugénia! Todos os assuntos relacionados com a literatura têm espaço aqui no blogue e nada melhor que ter quem sabe das coisas, a falar delas. Acho que ficamos todos a ganhar!
EliminarO Bookcrossing é um mundo de experiências...
ResponderEliminarInscrevi-me em Setembro de 2007 e todos os dias ia ao fórum português, partilhar informações e lançar ring´s para que outras pessoas possam também usufruir do prazer de ler outros livros. Já poupei imenso com a troca de livros e fiquei, concerteza, mais rica com a sua leitura.
Conheci, virtualmente e na realidade, pessoas impecáveis com as quais ainda tenho algum tipo de ligação.
Foi através deste fórum que fui convidada para participar no excelente projeto "Heróis à moda de Lisboa". Experiência única!
Hoje em dia vou ao fórum uma vez por semana, pois a minha vida já não me deixa mais tempo.
No início ainda pensei muito na questão de emprestar livros, pois considerava-os como pequenos tesourinhos. Acabei por libertar um, depois foi um atrás de outro...
Ganhei mais em emprestá-los do que em deixá-los nas estantes!
Perdi alguns pelo caminho mas ganhei cultura, histórias, personagens e principalmente apetência para escrever...
Descobri em mim uma nova paixão e algo que considerava nunca ser possível!
Recomendo a toda a gente!
Liliana! Obrigado pela visita e testemunho!
EliminarDe facto, o BookCrossing é um mundo de experiências, não apenas de leitura e espirito de partilha mas também de amizade e até de solidariedade.
ResponderEliminarE essa amizade e solidariedade não reina apenas entre os portugueses, salta muitas vezes as fronteiras.
É com todo o respeito que vou relatar resumidamente o que aconteceu no inicio de 2009.
Uma bookcrosser de 26 anos (a quem dediquei o meu 2º.livro, depois) sofria de uma doença grave e precisava com urgência de um transplante de coração.
Ficou internada em Dezembro de 2008 e a situação agravava-se dia a dia.
Primeiro as noticias sobre o seu estado apenas apareciam no fórum português mas rapidamente chegou aos outros fóruns.
Como sinal de solidariedade e apoio, combinou-se colocar um coração de cada lado dos nossos nick names.
No inicio de 2009, para nosso espanto, verificámos que também o Fórum alemão se encheu de corações.
Fomos ver e o francês também se estava a encher de corações e tinha até um tradutor que ía traduzindo para francês as noticias sobre a bookcrosser portuguesa.
Também no espanhol se fazia referência, assim como no italiano, no da escandinávia... e em todos os outros!
No blogue que foi criado para acompanhanhamento do seu estado e para lhe dar apoio também se verificava que já não era só o BookCrossing de Portugal que "torciam" por ela.
Durante o período em que o seu estado infelizmente se foi agravando até que em 27 de Março de 2009 acabou por falecer, só nesse blogue foram deixadas cerca de 1500 mensagens, literalmente de TODOS OS PAISES.
Ela deixou esta mensagem de agradecimento a todos, escrita 3 meses antes, para ser publicada se e quando acontecesse a sua partida.
Este seu gesto impressionou-me e continuará a impressionar-me.
Numa altura em que uma pessoa comum se preocuparia apenas com ela própria, ela preocupou-se com os outros e até com os animais.
Foi esse o seu ultimo pedido, que se lute pelas pessoas e pelos animais... que se lute por este mundo!
Nunca a conheci pessoalmente (conheci mais tarde a mãe, o irmão e a sua melhor amiga) e lamento isso profundamente.
Como eu gostaria de ter estado mais perto de uma pessoa como ela!
Mas, mesmo não a conhecendo, nunca a esquecerei porque ela fez de mim uma pessoa mais atenta, uma pessoa mais humana.
E também é isto o BookCrossing, como a Liliana diz "um mundo de experiências", umas boas, outras que nos fazem meditar e outras absolutamente inesquecíveis e marcantes, como esta.
Sou membro desde 2005 e embora nestes dois anos tenha estado mais ausente posso garantir que para além de um acesso facilitado pelos outros membros a muitas edições que por vezes se encontram esgotadas, existem um outro mundo para além de um livro. Fazem-se amizades, constrói-se pontes em vez de muros, uma comunidade de bons faladores e de opiniões com conteúdo. Para além disso tem sempre um forum onde podem falar sobre projectos, receitas enfim tudo mesmo.
ResponderEliminarExperimentem... e usufruam, os medos são pessoais mas no bookcrossing são ao mesmo tempo colectivos.
beijinhos Sininhu
Mavi! Obrigado pela visita e partilha de experiência.
EliminarObrigada, Mavi/Sininhu, pelo teu comentário.
ResponderEliminar:-)
Como podem verificar, todos nós temos os nossos medos mas quando esses medos são comuns acabam por ser encarados como o provérbio "não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti".
E isso, aliado à amizade, às tais "pontes" a que a Mavi se refere, faz co que se perca o medo de perdemos os nossos "tesourinhos" (os nossos livros).
Mas, claro, não há nada melhor do que experimentar para verificar por si mesmo.
:-)
Olá,
ResponderEliminarTal como a Liliana Guerreiro, para mim, o Bookcrossing é um mundo de experiências A oportunidade de conhecer novos autores, a capacidade de separar-me dos meus livros e as amizades que fiz.
Neste momento, estou afastada, pois tenho entre mãos outros projectos que me ocupam bastante, deixando muito pouco tempo para leituras mais assíduas.
De qualquer modo, continuo a recomendar aos amantes dos livros, que é sempre uma nova forma de conhecermos novos autores e uma forma muito mais económica de lermos.
Boas Leituras :-)
Olá Ana! Obrigado pela visita e testemunho!
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