domingo, 31 de agosto de 2025

Prosas de tédio e fastio 104 - Emanuel Lomelino

Prosas de tédio e fastio 

104

Na ânsia de cumprir-se, o tempo urge e o destino esclarece-se, como inevitável é a sequência dos dias.

Mas os propósitos não são acasos porque a intuição existe e, mesmo na obscuridade da sua essência, a vida é decisão particular.

Há um oposto que se contrapõe a tudo e nada está imune às garras afiadas da dúvida. E o todo é sempre parte ínfima de algo maior, indecifrável e apoteótico.

Cada sonho ou quimera tem um estágio de maturação e todas as raivas e desilusões são encruzilhadas atentas aos passos hesitantes e empenhos descrentes.

Para cada glória correspondem mil enganos e outros tantos martírios. Para cada triunfo coincidem incontáveis cinismos e traições, porque a vida é uma sucessão de anéis de fogo intercalados por pequenos rios de esperança e conforto.

EMANUEL LOMELINO

sábado, 30 de agosto de 2025

Prosas de tédio e fastio 103 - Emanuel Lomelino

Prosas de tédio e fastio 

103

A verdade dói quando escutada. Causa-nos dano pelo impacto do momento, talvez despreparo nosso, mas é uma dor fugaz e momentânea, que dificilmente deixa marcas permanentes porque, com o tempo e pelo seu carácter irreversível, ela consegue ser o elemento-chave para alcançarmos a paz de espírito necessária para prosseguirmos.

Já a mentira mata pela sua perversidade intemporal, contínua e nefasta. Atinge-nos na plenitude da sua fogosidade, qual sol abrasador, e queima todo o sentimento como palha ressequida. Desse incêndio destruidor sobra apenas negritude e terra árida sem possibilidade de renovação. E tudo passa porque a vida assim o permite.

Mas há algo mais obsceno e devasso. A dúvida. Essa é cruel, vil, maléfica e sádica. Mantém-nos num limbo de incertezas e esperanças, porque fere, arranha, machuca, tritura, rasga, perfura, esfola, aflige, ao mesmo tempo que se nega e pinta de cores suaves, hipnóticas e anestésicas, qual atriz no auge das suas capacidades interpretativas.

Esta trilogia de inegáveis “influencers” da vida nunca foi tão bem definida como fez Bob Marley, quando disse: A verdade dói, a mentira mata, mas a dúvida tortura.

EMANUEL LOMELINO

Ondas de paz e contentamento (excerto 6) - Maria Helena J. Pereira

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Mas como, se a gruta estava inundada e ninguém conseguia lá entrar? 
O drama do salvamento destes jovens comoveu o mundo, que uniu forças, reunindo à volta da solução do problema os melhores mergulhadores do mundo, para ajudar a polícia e a elite da marinha tailandesa. A primeira equipa internacional de salvamento chegou no dia 28 de Junho, cinco dias após jovens e treinador terem entrado na gruta.

EM - ONDAS DE PAZ E CONTENTAMENTO - MARIA HELENA J. PEREIRA - IN-FINITA

sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Prosas de tédio e fastio 102 - Emanuel Lomelino

Prosas de tédio e fastio 

102

Na leveza desta furtiva chuva de verão eclode uma paz misteriosa que abraça o âmago, como quem soletra silêncio.

Os pensamentos emergem decididos a transpor o portal da humildade, rumo ao sagrado altar da sabedoria.

Espargem-se na vastidão do conforto idílico e regam o crescimento uno, qual fenómeno da mãe natureza em parto divino.

Há um aflorar consciente e decisivo da razão, no ser que se omitia da sua origem pensante.

Nada se esconde. Tudo se revela. Mesmo as ideias mais tímidas, envergonhadas e de foro introvertido.

A arte fez-se e paira no ar como vapor de esperança, à espera de que os olhos se abram e as mentes despertem.

Mas, aos poucos, o mundo regressa à sua rotina louca e despropositada, ignorando a beleza apaixonada do criador, como nunca tivesse existido a vontade de mudança.

EMANUEL LOMELINO

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Prosas de tédio e fastio 101 - Emanuel Lomelino

Prosas de tédio e fastio 

101

Esta inquietação vulcânica, que explode de mim, como instinto primitivo, conduz-me na busca eterna pelas palavras que podem fazer-me ajoelhar, como quem se prostra diante de imagem consagrável.

Este desassossego eruptivo, que sangra em mim, como as correntes mais agitadas de magma e lava, guia-me na infinita demanda dos verbos que podem obrigar-me a curvar, como quem faz vénias ao ministério divino.

Esta perturbação efusiva, que irrompe de mim, como intuição ancestral, escolta-me na procura desenfreada pelos vocábulos que podem forçar-me a vergar, como quem se derruba em devoção ao ofício celestial.

Este tumulto tempestuoso, que estoura em mim, como o mais tenebroso ribombar dos céus, acompanha-me numa insana caçada aos motes que podem impor-me a dobrar, como quem se inclina aos méritos angelicais de uma prece.

Esta profusão catastrófica, que eclode de mim, como ímpeto espontâneo, leva-me na bizarra urgência de encontrar as nobres sentenças que podem justificar os motivos, pelos quais, não consigo criar sem parecer que estou em permanente oração aos deuses da erudição.

EMANUEL LOMELINO

O branco e a preta (excerto 12) - Pedro Sequeira de Carvalho

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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No dia seguinte, praticamente não parei na loja. Logo que entrei, o João Txóco me fez ver que a venda seria muito reduzida naquele dia, que somente no dia seguinte o seu volume poderia aumentar e atingir o pico no dia vinte e quatro.

EM - A BRANCO E A PRETA - PEDRO SEQUEIRA DE CARVALHO - IN-FINITA

quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Prosas de tédio e fastio 100 - Emanuel Lomelino

Prosas de tédio e fastio 

100

Há este querer sólido e verdadeiro, que me acompanha desde sempre, de encontrar a perfeição do vazio; o silêncio original.

Quanto mais me embrenho na solidão que cultivo, menor parece a distância que me separa de algo semelhante ao Nirvana. Aquele lugar puro, sem defeito, que não é celestial nem divino. Apenas um lugar de paz imorredoura que substitui uma vida inteira.

A cada passo dado dou conta de todo o peso inútil e desnecessário que tenho carregado nas costas. Desfaço-me de mais e mais, sem traumas de separação. Simplesmente largo lastro e caminho mais leve.

O percurso ainda é longo, mas completo na sua única via, num só sentido, perfeito porque é feito de coisa alguma, apenas nada. E estou a conseguir libertar-me de toda a bagagem, de toda a tralha que me tem freado o ímpeto.

Sei que ainda transporto baús encrustados no corpo, com amarras maciças e fechaduras encriptadas, cuja remoção terá um custo de luas e sal, mas blindei a minha resiliência com o aço da vontade suprema e tenho os olhos focados no amanhã, porque é para lá que caminho.

EMANUEL LOMELINO

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Prosas de tédio e fastio 99 - Emanuel Lomelino

Prosas de tédio e fastio 

99

Planto as sementes dos sossegos de cada instante dócil com a esperança de um abraço inquebrável entre as raízes e a terra fértil. Há um desejo inviolável de frutificar os rebentos da brandura como quem quer muscular a vontade.

Rego os caules de serenidade com as cristalinas águas da calmaria plácida que pacifica os frémitos pulsares da inquietude. Há um segredo por revelar em cada broto que rasga, entre sorrisos e sonhos, o ventre do solo maternal.

Nos limites da inocência, entre a lucidez mansa e a loucura pacata, sussurro palavras meigas e brandas à planta que desponta. Há um aroma meloso a impregnar-se na sensibilidade dos sentidos apurados, como uma essência virgem a deambular no etéreo silêncio de pasmos e espantos.

Por fim colho as flores da solidão, com as pétalas pintadas de paz e céu, de trégua e mar, de nirvana e nada. Enlaço um bouquet inteiro com a delicadeza de pai orgulhoso e realizado. Esta primavera, fora de estação, apazigua-me as lágrimas e cicatriza-me os lamentos. Então, condensa-se em mim a honradez da criação e o mundo volta a ser um lugar de pausa e restauro.

Eis-me agricultor de palavras e armistício.

EMANUEL LOMELINO

O mar... (excerto 1) - Gláucia Souza Freitas

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A primeira vez que vi o mar fiquei fascinada. Eu era criança. Recordo-me da brisa no meu rosto, do barulho das ondas, da sua imensidão azul-esverdeado e, principalmente, da força com que a água empurrava meus pés ainda pequeninos. Nasci e fui criada em uma terra de montanhas, longe do mar, e aquele momento em que conheci o oceano ficou para sempre guardado em minha memória.

EM - MULHERES QUE CRUZARAM OCEANOS - COLETÂNEA - IN-FINITA

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Devaneios sarcásticos 27 - Emanuel Lomelino

Devaneios sarcásticos 

27

De forma simplista, pensar na vida é vital para identificar problemas, analisar hipóteses, definir prioridades, arranjar soluções, ponderar consequências e avaliar benefícios e prejuízos.

A questão complica-se quando passamos à prática. A cabeça fica a mil, embrenhada em pensamentos oportunos, mas desgastantes porque pensar na vida é como jogar uma partida de xadrez – exige várias jogadas de antecipação.

Para cada problema identificado devem ser ponderadas várias soluções, para cada solução devem ser analisadas várias hipóteses, para cada hipótese devem ser consideradas todas as consequências, para cada consequência devem ser definidas várias prioridades. E cada solução origina um novo problema, cada hipótese demanda nova solução, cada consequência exige nova hipótese, cada prioridade causa nova consequência.

Hoje pensei tanto nos vários problemas que preciso solucionar que quase colapsei!

Definitivamente, já não tenho agilidade mental suficiente para jogar o xadrez da vida. Prejuízo maior.

EMANUEL LOMELINO

Ondas de paz e contentamento (excerto 5) - Maria Helena J. Pereira

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Depois de terminarem o seu treino de futebol, 12 jovens, os membros da equipa juvenil de futebol, Wild Boars, e o seu treinador, pegaram nas suas bicicletas e subiram pelas colinas ainda húmidas devido às chuvas recentes. A sua intenção era chegar à gruta Tham Luang-Khun Nang, local que já conheciam e que os atraía, para lá ficarem cerca de uma hora. Deixaram as bicicletas à entrada da gruta e, levando apenas umas tochas, entraram para uma aventura que poderia ter sido uma grande tragédia.

EM - ONDAS DE PAZ E CONTENTAMENTO - MARIA HELENA J. PEREIRA - IN-FINITA

domingo, 24 de agosto de 2025

Prosas de tédio e fastio 98 - Emanuel Lomelino

Prosas de tédio e fastio 

98

As noites são vazias de tudo. Vazias de sono, de pensamentos, de sons, de cor. Apenas vácuo como se a vida estivesse em piloto automático, mas sem rumo definido nem propósito.

Abraço o silêncio e a almofada sem motivo concreto ou necessidade aparente. Apenas um gesto instintivo sem sentido, como todos os movimentos indistintos que faço. Talvez sejam espasmos do ser autómato que agora sou.

Deixo-me ficar esticado e imóvel sobre a cama à espera de que o desconforto ou o tédio me belisquem. Apenas fico e aguardo que o balão encha e a paciência, cujo paradeiro desconheço, estoire e preencha o nada que me envolve.

Nada. Absolutamente nada. Até que o primeiro raio de sol me lembra que tenho os olhos abertos e chegou o tempo de, simplesmente, fazer-me ao dia e deixar a vida carregar-me neste sonambulismo.

EMANUEL LOMELINO

sábado, 23 de agosto de 2025

Pensamentos literários 42 - Emanuel Lomelino

Pensamentos literários 

42

A escrita, na forma mais introspectiva e individual, seja por catarse ou lazer, deve conter elementos diferenciados. E esses surgem com o uso frequente e continuado de ferramentas e habilidades que auxiliem o acto criativo a atingir diferentes patamares qualitativos.

Praticar a escrita com regularidade ajuda a perceber a infinitude de variantes que podem ser exploradas ao criar-se um texto. Qualquer tema pode ser desenvolvido de distintos modos, dependendo dos conceitos propostos, das ideias aplicadas e, acima de tudo, da disponibilidade do autor em colocar-se perante alguns desafios, por mais vulgares ou espalhafatosos que possam parecer.

Quando um autor se consciencializa de que nem tudo o que escreve tem validade qualitativa para ser publicado, ou exposto aos olhos dos leitores, e que o treino ajuda no aperfeiçoamento, a sua mente interioriza a legitimidade do processo e, mais tarde, acaba por aplicar, de modo instintivo, os esquemas aprendidos.

Contrariando o que escrevi anteriormente, mas apenas como exemplo, caros leitores, verifiquem atentamente, com os vossos olhos de ver, como apliquei estes conceitos, que nada possuem de virtuosismo, e vos entrego um texto que, sendo apenas um exemplo dos treinos que faço e pratico com regularidade, para exercitar a vertente criativa, foi escrito e concebido, deliberadamente, sem utilizar palavras com acentos.

Passou-vos despercebido? Podem conferir com uma nova leitura. Enquanto isso, vou ali exercitar-me mais um pouco.

EMANUEL LOMELINO

O branco e a preta (excerto 11) - Pedro Sequeira de Carvalho

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Nascimento quase que exaltava de alegria. Ele era um consumidor assíduo tanto de vinho da palma como de aguardente. Apelou aos donos do quintal que me servissem sem receios, porque a iniciativa era minha.

EM - A BRANCO E A PRETA - PEDRO SEQUEIRA DE CARVALHO - IN-FINITA

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Prosas de tédio e fastio 97 - Emanuel Lomelino

Prosas de tédio e fastio 

97

Neste dia de faxina nos destroços de mim, entre passagens de espanador nas prateleiras da revolta e borrifos desinfectantes nos espelhos do conformismo, encontro o tapete das memórias puídas sobreposto às lembranças dolorosas de uma realidade que eu próprio ocultei.

Neste dia de limpar os escombros de mim, desengorduro a loiça dos gestos impensados, vejo o meu reflexo envelhecido nos talheres curvados pela dureza dos dias e redescubro os fios rombos das facas que apunhalaram os desejos que eu próprio descartei.

Neste dia de higienizar os entulhos de mim, purifico os lençóis de lágrimas nunca vertidas, lavo as fronhas tecidas com linhas de insónia e emendo os cobertores da inércia com retalhos da sujeição que eu próprio alimentei.

Neste dia de limpeza e expurgação de mim, vejo no brilho dos espelhos reciclados a verdade nua e crua: há muito que vagueio somente pelas margens da vida.

EMANUEL LOMELINO

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Prosas de tédio e fastio 96 - Emanuel Lomelino

Imagem pinterest

Prosas de tédio e fastio 

96

Por vezes a ansiedade supera a imperativa urgência de resposta imediata e as intensões ficam por cumprir. A mente como que bloqueia e as acções ficam presas na vontade, como se uma força hipnótica tomasse as rédeas da vida.

O primeiro impulso é abraçar a inércia e deixar-se envolver no vazio de ficar sem chão para caminhar. A energia esvai-se como um sopro rápido e o vigor evapora com o calor da perplexidade de ficar de calças na mão.

O corpo quer recolher-se sobre si mesmo e a razão finge não existir por sentir-se culpada e não querer agravar a desfaçatez cruel de um instante de infâmia e desonra.

Com a desorientação encavalitada nos ombros, as costas vergam sob o peso da vergonhosa incapacidade de reverter o destino traçado e, tal como no jogo da glória, mais uma vez, regressa-se à casa de partida – lugar, há muito, indesejado.

EMANUEL LOMELINO

Cruzando Oceanos: A Vida que Eu Escolhi (excerto) - Gê Morais

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Hoje, Jade e eu vivemos aqui nos EUA, construindo nossa história com coragem, fé e gratidão. Deixei minha terra, mas não minhas raízes. Cruzei mares, mas levei comigo a fé que me ancorou em todas as tempestades. E, mesmo distante, carrego minha mãe em cada oração, em cada pensamento e em cada conquista.

EM - MULHERES QUE CRUZARAM OCEANOS - COLETÂNEA - IN-FINITA

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Contos que nada contam 43 (O pasteleiro-florista) - Emanuel Lomelino

O pasteleiro-florista

Zacarias era um pasteleiro que, nos intervalos do seu ofício, passava o tempo a plantar flores. Por conta dessa actividade extracurricular, ele passou a ter a visibilidade que nunca havia alcançado através da profissão.

Com o tempo, o seu nome passou a ser reconhecido no mundo da floricultura e ninguém estranhou quando ele passou a fazer arranjos florais para uma florista recém-fundada.

Entre altos e baixos, as coisas foram funcionando e, mesmo nos momentos de menor demanda, Zacarias teve sempre o suporte da florista. Ora plantava flores por sua conta, ora fazia bouquets para a florista.

Só que um dia, por achar-se o suprassumo da floricultura e não ver o maior dos seus arranjos (que não o melhor – bem pelo contrário) exposto no melhor local do jardim, ele decidiu apontar o dedo à florista pela falta de exposição.

O pior do seu amuo nem foi a contestação, mas sim a forma dissimulada como decidiu chamar sobre si os holofotes do universo floral, contando a sua versão ofendida da história e pintando a florista como sendo um demónio de desonestidade.

Nesse momento de raiva ressabiada, esqueceu-se de dizer aos seus acólitos apoiantes que, ao contrário daquilo que as pessoas pensavam, nenhum dos serviços prestados à florista foram feitos por altruísmo. Todos os arranjos que fez haviam-lhe sido pagos à razão de uma percentagem por cada flor vendida.

Definitivamente, Zacarias pertence àquele grupo de pessoas que, sucumbindo ao vício da vaidade, faz discursos inflamados, para inglês ver, e acaba por esquecer os seus telhados de vidro e perde a noção da realidade.

EMANUEL LOMELINO

Ondas de paz e contentamento (excerto 4) - Maria Helena J. Pereira

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As características dos objetos que nos são familiares, que estão mesmo ali ao pé de nós, passam tantas vezes despercebidas! Não prestamos atenção aos pormenores, mesmo quando precisamos deles. Por exemplo: quantas vezes pegou no bule do chá, multicolorido, que lhe ofereceram, numa caneca de cerveja, num livro com muitas cores na capa e, por aí fora. Reparou em todas as cores neles impressas?

EM - ONDAS DE PAZ E CONTENTAMENTO - MARIA HELENA J. PEREIRA - IN-FINITA

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Prosas de tédio e fastio 95 - Emanuel Lomelino

Prosas de tédio e fastio 

95

Pobres daqueles que, ao verem a poeira levantada por uma rajada de vento fortuita, creem estar perante uma tempestade de areia.

Não há nada mais nefasto do que viver na agonia de todos os males, desconsiderar que os dias são maiores do que as trevas e as miragens podem desvirtuar os sentidos.

Pobres daqueles que, na preguiça do intelecto, acreditam em todas as palavras proféticas dos arautos da desgraça alheia e, como marionetas sem fios, deixam-se amarrar aos vis conceitos de falsos mensageiros.

Não existe nada mais nocivo do que acreditar em castigos e pragas divinas, desvalorizar a intuição e deixar o próprio destino nas mãos de quem só está presente nos instantes de conflito interno.

Pobres daqueles que evitam encarar a vida, olhos nos olhos, por receio de cair e macerar o corpo vezes sem conta.

Não há nada mais danoso do que viver com medo das sombras e em permanente cobardia.

EMANUEL LOMELINO

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Prosas de tédio e fastio 94 - Emanuel Lomelino

Prosas de tédio e fastio 

94

Pior do que perder a visão é não ter visão de nada, ficar na cegueira da dúvida sem decidir entre os caminhos que se ramificam diante dos olhos.

Pior do que perder a lucidez é abdicar da clareza de ideias e querer viver nas duas margens do mesmo rio, sem encontrar forma de o atravessar.

Pior do que perder a audição é não ouvir a voz da razão e limitar-se a escutar os torpes cantos de sereia que são enredos e tramas que somente conduzem ao engano.

Pior do que perder a consciência é não ter consciência dos actos e, principalmente, de tudo o que pode advir de cada decisão inconsciente.

Pior do que perder os sentidos é perder o sentido das coisas, ficar no limbo do pasmo por não saber identificar o momento certo de colher o que se plantou.

EMANUEL LOMELINO

O branco e a preta (excerto 10) - Pedro Sequeira de Carvalho

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Naquele momento chegou Nelinho, o filho do casal, que estava ausente. Vinha com a camisa pendurada ao ombro, calções curtos, o elástico3 pendurado ao pescoço, uma espécie de funil feito de folhas contendo camarão e um pedaço de pau onde estavam atados os pássaros que caçara.

EM - A BRANCO E A PRETA - PEDRO SEQUEIRA DE CARVALHO - IN-FINITA