domingo, 27 de abril de 2025

Crónicas de escárnio e Manu-dizer 31 - Emanuel Lomelino

30-03-2025

Há uma preocupação legítima com a vulnerabilidade das crianças aos inúmeros aliciamentos feitos online. Faz-se muito ruído, até justificado, pelo desregulamento na protecção dos menores e todos conseguimos identificar os perigos a que estão sujeitos nas redes sociais. Ouvem-se brados de esquerda, protestos de direita. Apontam-se dedos às plataformas digitais, aos políticos, às autoridades judiciais, enfim, responsabiliza-se este mundo e o outro sem, contudo, tocar com o dedo na génese da ferida.

A verdade, por muito dura que soe e por mais que incomode os egos dos libertários modernos, é tão óbvia que chega a ser revoltante. Pelo menos para alguém como eu que, mesmo não advogando pensamentos conservadores, também não fica indiferente à forma como a sociedade aceita e alimenta, de braços abertos e sem contestação, a crescente ausência de valores parentais, como se o papel dos pais se resumisse à concepção e tudo o resto fosse prescindível, porque é mais fácil e cómodo deixar as crianças, entregues à sua sorte, soterradas em aparelhos eletrónicos, do que assumir a responsabilidade genética e moral de as preparar para enfrentar a realidade da vida.

Mas isso, talvez seja pedir demais a pais que desconhecem o que significa ser responsável e nunca viveram dificuldades na vida porque tiveram sempre quem desse o corpo às balas por eles.

EMANUEL LOMELINO

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