quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Epístolas sem retorno 25 - Emanuel Lomelino

Walt Whitman
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Caro Walt,

Na ânsia de fazer, da vida, algo extraordinário, e perante as contrariedades que ela nos oferece, há sempre questões que se levantam, como o sol na alvorada: Quem determina os parâmetros dessa notabilidade? Sob que olhares deve ser avaliada a realização do admirável? O que significa “algo extraordinário?

Na busca por respostas a estas, e outras, dúvidas, sou confrontado com inúmeros paradoxos que, já se sabe, geram ainda mais interrogações. Desse emaranhado de incoerências e antagonismos, resultantes do esforço mental por entendimento, confirmo que existem sempre dois pesos e duas medidas, tanto na génese como na solução, dependentes das abordagens, dos conceitos, das definições e ideais de cada um.

Só desse modo é possível admitir que os desejos mais simples sejam tão extraordinários quanto as proezas mais heroicas; que a vida mais comum seja tão satisfatória quanto a existência mais singular; e o banal seja tão cativante e jubiloso como é o excelso e surpreendente.

Tudo isto, espremido, conduz-nos a uma constatação tão elementar quanto magistral: Extraordinária, por si só, é a própria vida.

Simplesmente

Emanuel Lomelino

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