quarta-feira, 7 de agosto de 2024

Contos que nada contam 9 (O patrão) - Emanuel Lomelino

O patrão

Serafim, como todos os homens da sua aldeia, nasceu numa época de escassez e fome. No entanto, ao contrário dos outros, ele cresceu forte e saudável.

Apesar de ter ficado órfão muito cedo e não poder frequentar a escola, ele deu uso à sua inteligência, engenho e bravura para, sem emigrar, conseguir ter uma vida digna.

Em criança trabalhava à jorna, para todos os artesãos da aldeia, em troca de refeições, e aproveitava para absorver o máximo de conhecimento que podia. E foi tão lesto a aprender que, na adolescência, já era perito em quase todos os ofícios artesanais, chegando até a superar os mestres.

Com os anos, a sua reputação cresceu tanto que os artesãos começaram a disputar os seus préstimos e ele passou a ganhar mais do que refeições pelo trabalho efectuado.

Serafim era tão requisitado que os seus trabalhos começaram a ser pagos a peso de ouro e, rapidamente, ele acumulou uma pequena fortuna. Ganhou tanto que conseguiu comprar as oficinas da aldeia e agora é o patrão de todos os artesãos para quem trabalhou.

EMANUEL LOMELINO

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