terça-feira, 9 de julho de 2024

Diário do absurdo e aleatório 364 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório 

364

Os bons livros nunca são aqueles cujo enredo, a trama, ou a estória, são construídos na perfeição da lógica. Tampouco são aqueles em que o sol sempre brilha ou a chuva é louvor.

Um bom livro é aquele que incomoda, que incendeia os pensamentos, que agita o solo que pisamos, que estupra a mente deixando sementes de incógnita e desconforto.

Um bom livro é aquele que dá raiva, que inflama os sentidos, que provoca terramotos emocionais, que nos faz duvidar de todos os dogmas e acreditar que é utópico pensar em utopias.

Um bom livro é aquele que enfurece, que queima as pálpebras, que abala todos os alicerces, que nos chocalha de forma intermitente, que nos sacode a alma com violência.

Um bom livro é aquele que desperta as nossas sombras mais profundas, que faz brotar luz nas trevas do nosso ser, sem tabus nem condicionantes.

Um bom livro é aquele que nos revolta, que nos engessa, que nos decapita, que nos mutila, mas mesmo assim liberta-nos do fastio, da mesmice e das masmorras da ignorância.

EMANUEL LOMELINO

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