Diário do absurdo e aleatório
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Há um fio condutor na disposição de cada palavra nas frases contundentes. O discurso, mesmo irreverente e atribulado, é explícito e não sobram dúvidas por esclarecer. Sente-se a força vital de cada verbo à medida que avançamos na leitura, sem problemas interpretativos. Tudo é cristalino na pureza dos sentidos, sem segundas intenções nem desejos ocultos.
Depois temos a descrição palpável dos cenários e personagens verosímeis até ao tutano, que nos entram corpo adentro, sem pedir licença, provocando-nos espasmos internos a cada reflexo espelhado de nós mesmos.
A trama injeta-se-nos na pele com toda a impetuosidade da sua essência aditiva e ficamos dependentes da curiosidade que nos assola e só conseguimos saciar juntando as peças do puzzle, eliminando as pontas soltas e desvendando todos os ângulos do enredo.
Depois de decifrada a última página, ficamos com a boca seca enquanto os níveis de adrenalina baixam à normalidade e desejamos ardentemente uma sequela ou que a próxima leitura nos faça sentir as mesmas arritmias. Assim são os bons livros. Aqueles que realmente valem a pena.
EMANUEL LOMELINO
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