segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Silêncio ensurdecedor (excerto 2) - Luís Vasconcelos

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Será que um dia nos voltaria a ter e a ver? Não sabia. Não tinha como saber. Resumia-se tudo a uma ténue esperança, baseada sabe-se lá no quê! Pouco, muito pouco, para quem não queria partir, lutando desesperadamente para viver. À sua frente apenas uma ida sem volta, uma estrada sem regresso, uma noite imensa sem fim. Uma mortalha, um exíguo e asfixiante caixão, uma cova funda escavada na terra lamacenta, o mármore duma sepultura tão solitária e gélida. Ele que em vida sempre se levantara contra qualquer injustiça estava agora, ironicamente, a ser, sem piedade, castigado e flagelado por ela. Ele que sempre vivera duma forma altruísta, acima de tudo, pensando no bem do seu semelhante, assim estava a morrer também. Não se focava em si. A sua preocupação era o futuro daqueles que mais amava. Que iria ser deles, agora que já cá não estaria para cuidar, para os proteger? Tanto suplicou para que os amparassem! Para quê? Ingénua expetativa… Credulidade vã!

EM - COMEÇAR DE NOVO - LUÍS VASCONCELOS - IN-FINITA

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