quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

O Zé de Ninguém (excerto 1) - Daniele Barbosa Bezerra

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Flores cultivadas pelas mãos daquele jardineiro não eram flores, eram a representação mais sublime das obras da natureza. Negro, abnegado, com seus cinquenta anos vividos ao lado das cores, dos aromas, das folhas e dos espinhos. Mais espinhos que pétalas.
Há pouco tempo ele era o caseiro da fazenda. Os patrões apareciam por lá, normalmente, nos feriados e os seus filhos, com as namoradas, em algum final de semana em que os pais não estivessem presentes.
Quando a família dava o ar da graça, o caseiro-jardineiro-pau pra toda obra fazia questão de confeccionar arranjos com as flores mais viçosas do seu jardim. A dona da fazenda cobria-lhe de elogios e esses eram muito bem guardados nos arquivos da memória, poucos elogios arquivara durante a vida; mas mesmos sendo gentil, a senhora o explorava como podia e não podia; existia a hora para começar o trabalho, mas nunca para terminar.

EM - OS DOZE CONTOS DE SOLIDÃO - DANIELE BARBOSA BEZERRA - IN-FINITA

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