sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Diário do absurdo e aleatório 171 - Emanuel Lomelino

Imagem medium

Diário do absurdo e aleatório 

171

Ler, por si só, já é um vício. Mas a coisa ganha contornos de dependência quando, por exemplo, nos embrenhamos na leitura sobre metafísica.

Para compreendermos esta “filosofia primeira” começamos por ler Aristóteles. Absorvemos conceitos, definições e logo queremos mais. Então passamos para Kant e a coisa adensa-se de tal forma que não temos outro remédio que não passe por lermos Heidegger e Leibniz.

Quando nos apercebemos da tremenda ressaca mental em que nos enfiámos, já não conseguimos passar sem aprofundar o conhecimento e passamos a ler, também, os críticos da metafísica, como Comte e Nietzsche, e os que, não sendo críticos desta ciência filosófica, foram severos opositores da sua vertente racionalista, como Schopenhauer.

O pior é quando começamos a ler referências a outros filósofos, cujas obras são mais difíceis de encontrar, e damos por nós a vasculhar as prateleiras das livrarias na ilusão de encontrar alguma dessas relíquias. Quando isso acontece é sinal que entrámos na fase mais complicada da adição literária: a obsessão. 

EMANUEL LOMELINO

Sem comentários:

Enviar um comentário

Toca a falar disso