Diário do absurdo e aleatório
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É no mutismo do silêncio que as vozes ganham clarividência e as palavras vencem a timidez dos grandes públicos.
É na quietude do vazio que os timbres se ajustam às pautas e os verbos glorificam a sagacidade da linguagem.
Simon & Garfunkel alertaram para as conversas que existem na mudez; para os diálogos ouvidos, mas jamais escutados e para a falta de atrevimento em reproduzir-se, vocalmente, tudo o que foi escrito. E isto porque o silêncio pode representar mil palavras; o silêncio pode ser mais significativo que discursos intermináveis; o silêncio pode ser a base do entendimento.
Por tudo isto se diz que “o silêncio também fala”, “o silêncio é de ouro”, “o silêncio é a alma do negócio”.
No entanto, alerto eu, o silêncio não é um lugar feito à medida de todos porque requer isolamento, introspecção e raciocínio, e é incompatível com autofóbicos e claustrofóbicos.
O silêncio é uma seara de pensamentos à espera de serem segados, colhidos, debulhados e transformados em alimento nutritivo, para quem não lhe tem fobia e sabe reconhecer-lhe os benefícios.
EMANUEL LOMELINO
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