Diário do absurdo e aleatório
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Nem todos os dias são de erudição porque, quando Anúbis flutua entre as pirâmides, há óbito nos verbos.
Nem todos os dias são de sapiência porque, quando Thanatos deambula nos corredores de Partenon, há ocaso em cada verso.
Nem todos os dias são de nirvana porque, quando Yama percorre os jardins de Taj Mahal, fenecem os adjectivos.
Nem todos os dias são de luz porque, quando Freyja patrulha as muralhas de Valhalla, as consoantes perdem o brilho.
Nem todos os dias são de eloquência porque, quando Meng Po colhe as flores no Templo Pagode, as vogais perdem a memória.
Nem todos os dias são de cultura porque, quando Morrigan sobrevoa as cabeças dos druidas, caem as asas aos alfabetos.
Nem todos os dias são de reflexão porque, quando os deuses da morte se reúnem, não há sopro de vida que ressuscite as palavras.
EMANUEL LOMELINO
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