segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Carta para o Jardim Marielle (excerto) - Kika Souza

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Nunca vi. Nem pude estar perto. Dirá sentir o cheiro – dizem que tinha cheiro de girassol – e muito menos tocar. Apenas o adeus me foi permitido. Um vazio de oco. Lacuna no peito da existência. Incompreensão. Nó na orelha e na garganta. Anos todos nessas pirambeiras cariocas e eu sequer havia ouvido falar sobre a mulher do fim do Rio de Janeiro, mais precisamente a mulher do início e meio da Maré. E seria preciso muitas vidas para saber quem era essa mulher. Mas a vida quase sempre é injusta com as utópicas, sonhadoras, guerreiras; e a história desse mundo está para nos mostrar que com muitas de nós não será diferente.
Era noite, me recordo bem, abri uma aleatória rede social e li a notícia: “Vereadora Marielle Franco é assassinada.”. Se o tempo de Cazuza não para o meu parava e também ficava mudo naquele súbito instante. Um susto me tomou o corpo. Tremor e medo. Vi sua foto, mas naquele momento me assassinava mesmo a dor de Ser, ali, uma mulher, um corpo igual ao meu. E choveu, choveu, chovia, chovia. A terra quase se abrira entre raios e relâmpagos no céu obscuro. Iansã

EM - ELAS E AS LETRAS: SEMENTE, PRESENTE - UM LIVRO PARA MARIELLE FRANCO - COLETÂNEA - IN-FINITA

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