segunda-feira, 31 de julho de 2023

A banda e a procissão (excerto) - TEREZINHA PEREIRA

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Santinha, desde menina, tivera paixão pela toada da banda. Começou pela mão do pai que a levava para acompanhar as procissões. A festa da Santíssima Trindade a deixava desassossegada. Os ensaios da banda começavam na primeira segunda-feira, após a Páscoa. Era preciso esquecer toda a tristeza das melodias quaresmais. O pai não perdia nenhum ensaio e, com ele, levava Santinha. A garota seguia as músicas iniciadas a qualquer compasso da partitura, coisa que lhe mexia com os nervos. O pai não ficava nem um pouco perturbado com os descompassos. Sentado na cadeira de sempre, acompanhava a cadência do som erguendo e baixando os joelhos. Ela não podia compreender por qual razão os músicos tocavam tanta música descabeçada, sem fim, sem miolo e, na hora da procissão, saía tudo bonito, do começo ao final. No dia da procissão mais importante da cidade, a corporação, impecável, uniforme limpo e bem passado, acompanhava a imagem do Pai Eterno. Santinha, seguindo de perto o seu pai, às vezes segurando-o pela roupa, meio à multidão devota, esquivava-se dos encontrões para poder acompanhar a banda bem perto do Tuba. Entrava ano, saía ano, a festa continuava bonita e concorrida, e a corporação esmerava-se cada vez mais.

EM - TRINDADE - TEREZINHA PEREIRA - IN-FINITA

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