quarta-feira, 29 de março de 2023

As nossas almas solitárias (excerto 24) - C. GONÇALVES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Já passaram duas semanas desde a nossa conversa. Os dias arrastam-se tão lentamente que parecem não ter fim. O trabalho vai-se acumulando e sinto não ter energia para nada. No fim-de-semana tratei das compras do material escolar e de organizar as coisas para o regresso dos meus filhos às aulas, que, entretanto, já começaram. Sinto-me esgotada e a precisar de descanso. Tenho constantemente adiado o jantar combinado na casa da Sara. O Santiago está ainda em convalescença e não quero atrapalhar. Também tenho medo. De o encontrar. O Salvador não me disse mais nada; nem um telefonema, nem uma mensagem. Melhor assim. Talvez se tenha esquecido de mim. Talvez aceite a minha decisão sem hesitar. Eu não sei o que fiz. Nem porque o fiz. Gosto de estar e de conversar com ele. Atrai-me o seu olhar e o seu modo rude de estar. Os seus braços e os seus beijos levaram-me onde já não me lembrava. Talvez tenha sido isso. De repente percebo que não sei lidar com isto. Tenho medo. De me entregar, de ficar vulnerável. De querer lhe pertencer e ser sua. De não conseguir voltar à superfície. De me afogar nos seus olhos e perder-me. E nunca mais conseguir voltar...

EM - AS NOSSAS ALMAS SOLITÁRIAS - C. GONÇALVES - IN-FINITA

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