sábado, 4 de março de 2023

As nossas almas solitárias (excerto 19) - C. GONÇALVES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Estou na cozinha a preparar o leite da noite, que bebem sempre antes de dormir, e ouço o rebuliço que vai na zona dos quartos. Os risos soltos da Carolina enchem o ar e os passos do Martim ouvem-se no corredor. Olho para as horas e percebo que está na hora de se deitarem. Avanço em direcção às vozes com passos lentos, para que não me vejam chegar. No chão do quarto cor-de-rosa, o Salvador está sentado com um livro na mão; parece que conta uma história às bonecas que estão encostadas ao móvel; a Carolina está sentada ao seu lado. Nesse instante, o Martim vem com passos apressados do seu quarto, carregado com caixas de jogos, provavelmente para lhe mostrar. É no mínimo, um quadro insólito e não consigo evitar um sorriso. Encosto a cabeça à ombreira e olho para ele com ternura. O que se está aqui a passar? Pergunto-me se isto será bom para os miúdos. Ou até para mim. A presença de um homem nesta casa, é qualquer coisa de invulgar. Estranho e agradável ao mesmo tempo. Nesse momento, os seus olhos levantam para mim, e quando retoma a leitura, sorri com um ar de puro agrado.

EM - AS NOSSAS ALMAS SOLITÁRIAS - C. GONÇALVES - IN-FINITA

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