Sentaram-se frente a frente. Abraçaram-se com os olhos e beijaram-se num sorriso. Todo o momento com ela era mel, que ela recebia em cada beijo que imaginava. Seu corpo firme, só de a ver iniciou de imediato um ode ao desejo, com veludo do seu olhar abraçou-a... tremeu... e ela estremeceu.
O momento fez-se verdade, e verdade se fez vontade. Sem que fosse preciso um único toque, no meio de sorrisos confissão, trocaram palavras doces, puras, sinceras. Juras, veladas por gotas de orvalho que lhes subiam aos olhos.
O vinho foi dado a provar.... frutado... pedia mais, algo que recheasse a boca, que acordasse os sentidos das línguas, da pele, dos corpos. Era assim que alimentavam cada vez que se encontravam. De tudo falavam sem nada dizer.
Num pequeno intervalo de silêncio entre dois, daqueles que gritam desejo e deixam qualquer peito inquieto. Daqueles em que os dedos se enchem de formigueiro tal é a vontade do toque, da caricia suave. A urgência avassaladora do êxtase de se terem nos braços um do outro.... Uma suave brisa tocou no rosto dela…fechou os olhos, sonhando que eram carícias dele. No seu desejo, perguntou para dentro.... que fazes tu, que me penetras assim com o teu olhar?
Sentindo no peito a sua pergunta, tocou-lhe na palma da mão. desenhou uma linha, inspirou profundamente e pensou “Desenho os teus lábios melados até encontrar o arrepio… aquele gemido que endurece… e dá prazer. O botão da rosa que cresce em tremores… e recebe o calor de um beijo chupado”...
Ela suspirou e sorriu…
Chegou a sobremesa…”Delícia dos deuses”.
Assim se evoca a paixão, com um simples olhar e um dedo na palma da mão.
Tirado de Um conto
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