Eu me chamo Elgin. Uma máquina de
costura inventada há mais de 150 anos para transformar o modo das pessoas se
vestirem, melhorar o tempo e a qualidade na confecção das roupas.
Nos anos de 1940, vivia na casa da Vó
Neá. Depois fui ofertada de presente para a Dona Neíse. Uma jovem senhora que
começava a aprender a costurar. Eu era formada de madeira e ferro. Pesada e resistente
ao tempo. Na minha vestimenta havia dois bolsos em cada lado do corpo, onde guardava
linhas, botões, agulhas, colchetes, zíper e tesoura.
Dona Neíse tinha muito zelo por mim. Costumava
me limpar da cabeça aos pés, antes e depois de me utilizar. E ainda colocava
óleo lubrificante nas minhas articulações, para facilitar meu bom funcionamento.
Se eu não recebesse a devida manutenção poderia travar, quebrar linhas e
agulhas durante as minhas horas de trabalho. Jamais queria me tornar um ser
desagradável a ela. Por muitos anos fui de grande utilidade para ela e sua
família.
Anos se passaram e fui me tornando
fraca. Minhas pernas criaram crostas e as minhas roupas se desgastaram, ao
ponto de não mais ter como consertar. Então fiquei despida, mas não me
intimidei. Os membros superiores do meu corpo ficaram separados das minhas
pernas. Foram colocados em cima de uma bancada de madeira com um motor acoplado,
para que eu pudesse voltar a funcionar normalmente e em qualquer lugar. Passei
a ser um objeto portátil. Minhas pernas receberam um tratamento anticorrosivo e
uma leve pintura. Foram cobiçadas por Anastácia, a filha de Dona Neíse.
Anastácia tornou minhas pernas mais atraentes. Foram pintadas na cor de ouro envelhecido. Em cima delas pôs uma base de vidro com bordas lapidadas, onde eram colocados enfeites e plantas naturais. Há mais 20 anos estou em sua companhia e faço parte da sua decoração. É lá onde me sinto feliz.
EM - VERSO & PROSA - COLECTÃNEA - IN-FINITA
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