Quiçá
Seguimos
cada qual no barco que nos cabe neste ermo.
Tem
barco com muita gente,
tem
barco com uma gente só.
Gente
nova, gente de meia idade, gente de idade inteira
na
longa travessia,
no
traiçoeiro marulhar do oceano nebuloso,
sem
relógio, sem bússola.
Hora
e rumo em suspensão.
No
vasto silêncio o retinir dos tímpanos
suplantado
apenas pelos açoites do vento.
O
tempo é sempre o mesmo crepúsculo.
Inseparável
companhia a solidão.
Suspense,
o
destino é o lado de lá,
onde
todos almejamos chegar incólumes,
barcos
e tripulantes.
Quiçá
incólumes dos ataques do inimigo
que
singra perto, muito de perto,
sorrateiro,
segue,
persegue.
Quiçá,
do lado de lá, nos reencontremos,
num
horário incerto de um dia incerto,
no
adiado futuro.
Futuro?
(nestes
dias que, quiçá, um dia sejam referidos como “aqueles dias”)
Aparecida
Vines
23/03/2020
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Parabéns estimada amiga
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