quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

PONTE DO LOURINHAL (excerto) - ERNESTO FERREIRA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Miguel acordou cedo, se é que se pode chamar sono a um descanso mental. Como disse, o tempo sobre o qual aqui tratamos não se mede em horas ou dias, mas sim em acontecimentos mais reais ou mais sentidos.
O dia estava primaveril e apetecia mesmo começar o trabalho de marcação. Por onde começar era o segundo problema, porque o primeiro era não ceder ao desejo de continuar a ouvir as estórias (peripécias) do Ti Reinaldo. Então Miguel tomou a decisão: vou mesmo iniciar o trabalho, disse para si mesmo.
Mas por onde começar? O melhor é perguntar à Poesia. Assim o fez, mas surgiu o primeiro obstáculo: Poesia estava super ocupada com as pessoas que, aproveitando o tempo magnífico, se resolveram a procurar a sua disponibilidade para melhor gravar os recantos de Asturães.
Miguel ficou um tanto desorientado, mas de repente lembrou-se: vou pedir ajuda ao Ti Reinaldo. Sabendo que dei a palavra a mim próprio que venceria o desejo de continuar a ouvir as estórias fantásticas.
“Palavra prometida, palavra cumprida”, pensou. E assim o fez.
Chegado ao moinho questionou o Ti Reinaldo, que lhe disse:
– Miguel, as tarefas devem começar pelo princípio e posso contar-lhe uma estória para o ajudar. Miguel ficou sem jeito, pois não podia ouvir a estória sem faltar à palavra que era honra, mas também não queria ser desagradável para o Ti Reinaldo. Surpreendentemente e na curva do caminho surge um pequeno grupo de pessoas, com a Poesia à frente, cada um trazendo um molho de linho que iam colocar no areal na extremidade da ilha, mergulhado na água para fazer parte do tratamento do linho. A Poesia percebendo a dificuldade do Miguel disse:

Esta ponte pede meça
À outra sua igual
Chamada do Lourinhal
Onde tudo acaba ou começa

EM - MIGUEL, NO EXTREMO DA ESTREMA - ERNESTO FERREIRA - IN-FINITA

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