LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Aceite-se aqui que “Bangala” é o mesmo que Bengala.
Era uma vez um homem que vivia na aldeia e tinha uma força colossal, nunca vista. Chamavam-lhe o Bangala de Ferro porque ele andava sempre com uma bengala toda feita em ferro. Era tão pesada que dois homens viam-se aflitos para a levantar do chão, enquanto ele sozinho, a manobrava como se fosse uma pena de ave. Naquele tempo todos os homens gostavam de ter lutas para ver quem era o melhor, fosse a cantar, fosse a dançar, fosse a cortar árvores, fosse em lutas de força ou a jogar o pau, jogo predilecto dos lavradores, etc. Ora bem, o nosso Bangala de Ferro era tão forte que nem valia a pena jogar contra ele. Isso desgostava-o e um dia resolveu ir correr mundo na cata de encontrar quem pudesse medir forças com ele.
Correr mundo nessa época era como tentar hoje visitar a Lua ou Marte ou entrar no negro desconhecido, tal como os marinheiros portugueses o fizeram.
E aí vai ele, mundo fora. Tinha andado aí umas três léguas quando encontrou um homem muito alto e forte que, percebeu logo, teria tanta força quanto ele. E disse-lhe: Eu sou o homem mais forte da minha aldeia e procuro quem possa medir forças comigo. Serás tu, esse homem? O homem respondeu não com palavras, mas com actos. Agarrou o tronco de um pinheiro, com mais de uma braça de perímetro, e num só puxão arrancou o pinheiro pela raiz. E disse: Eu também sou o homem mais forte da minha aldeia e chamam-me o “Arrinca Pinheiros”, mas não vamos medir forças porque sei que há um homem tão forte como nós ou ainda mais e gostaria de o conhecer. Vamos os dois procurá-lo. E continuaram o caminho na sua busca. Até que, uma dezena de léguas adiante, vêem um monte de pedras enormes e um homem, que parecia de pedra, sentado no cume. Ao vê-lo logo pensaram que deveria ser o tal homem superforte que se constava existir. E disseram: Nós somos os homens mais fortes das nossas terras e procuramos um companheiro forte como nós que queira fazer grupo connosco. Quem és tu? Ao que o homem respondeu: Não conheço homem mais forte que eu. Vede, eu arrasei um morro que existia aqui e coloquei as pedras onde me sento. Todos me conhecem como o “Arrasa Montanhas”.
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