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“Eu não me levaria tão a sério, liberaria as gargalhadas, como quando empinamos pipa, e deixamos o ceról fugir do carretel. Se eu fosse eu, diria mais sim, quando não preciso dizer não. Ou não diria mais não, quando o sim satisfaz a mim. Se eu fosse eu, aprenderia a desmarcar tudo com todos, para não desmarcar nada comigo. Se eu fosse eu, assistiria mais filmes românticos, só para me envolver nos encantos dos sonhos, que a realidade busca acordar. Se eu fosse eu, leria mais livros de contos, decifrando o mistério das letras, vivendo cada frase, como em poesia, mesmo que não fossem os indicados na sala de aula, para receber o 10. Se eu fosse eu, alegraria mais com os que estão alegres, até me engasgar em alegria, me contorcendo como quem dança dentro do bambolê. Se eu fosse eu, choraria mais com os que choram, até sentir dó de mim, até misturar as fontes úmidas em únicas, diluindo as lágrimas em corizas e essas em salivas. Se eu fosse eu, dormiria mais o sono da preguiça, que me envolve entre a maciez dos fios, me retardando da pressa, que pode esperar. Se eu fosse eu, daria mais tempo as águas do chuveiro, para em ribeiros me banhar, e descendo em queda livre, nas aberturas dos esgotos, as tensões levar. Se eu fosse eu, fecharia os meus olhos em concentração, deixando as pálpebras bailar, dando mais tempo as papilas gustativas, para com sabor, saborear, colocando porções gentis e vagarosas, dos morangos suculentos e carnudos, só para atiçar a inocência do paladar. Se eu fosse eu, aprenderia a ouvir mais o silêncio da minha voz, para entender melhor as batidas do meu coração. Se eu fosse eu, prestaria mais atenção aos rumores dos meus pensamentos, sem me limitar aos rumos que eles pensam, na lucidez do pensar. Se eu fosse eu, pararia o tempo que me pára, só para tomar mais cafezinho amanteigado comigo, quando me tomo sem tomá-los. Se eu fosse eu.... E se você fosse você....”
Texto extraído do livro nas entrelinhas dos nós, páginas 43 e 44.
EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (PROSA E CONTOS) - ANTOLOGIA - IN-FINITA
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