quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

TERCEIRA DEMÊNCIA (excerto) - JOÃO DORDIO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Há um bengaleiro que certas pessoas insistem em gabar e respirar.
Outras em vestir-se lá dentro. Não percebo como é que se vestem
naquilo que, à partida, já não tem futuro.
Ignorei o bengaleiro onde deixei tudo o que não me servia e que
já não me vestia. A rua onde moro não tem aquele teatro. O pano
desceu e o palco deixou certos atores a falarem sozinhos. O bengaleiro
foi ficando vazio porque a minha alma se foi enchendo de ti.

Trouxeste vida ao meu coração!
Deixei a sobrevivência naquele teatro e a sua rua acabou por ir
ficando distante!

Havia dois livros naquele teatro. O das reclamações e o que me
fazia a mim, a quem chamam de Poeta.. respirar. Quando o teatro
fechou, o vento trouxe os momentos e as experiências. Pelo meio
da ventania, o corpo foi seguir a alma e juntaram-se noutra rua.
Esta noite quero apenas vestir-me dela! Com ela! Por ela! No
fim, bato palmas e saio, mas levo o meu corpo, a minha alma, os
ecos e as sombras... tudo colado a ela! Cola-paixão! Muito complicado
e difícil de despegar! Impossível, ouvi sussurrar os deuses,
os anjos e os demónios! Confirmei no beijo. E fiquei-me.

EM - A PAIXÃO - ESCRITOS E DEMÊNCIAS - JOÃO DORDIO - IN-FINITA

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