LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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E ela dançou a tarde toda ao som da melodia que o urso lhe tinha
ensinado e copiou na perfeição todos os passos ensaiados com ele
no dia anterior. Num dia em que os trabalhos de casa ficaram, mais
uma vez, por fazer. Os pequenos sapatos pretos deixaram também
ficar o seu molde na calçada de pedras gigantes. Ela colocou o indicador
e pediu-me silêncio.
- Não escrevas mais no sonho. Deixa partir a insónia...
A calçada das pedras gigantes eram, afinal, as ilhas cercadas pela
água da chuva sempre que os deuses choravam, tinha-lhe dito o
vendedor de peixe ontem à sua mãe.
- Ela não devia estar a estudar? Assim a miúda só aprende o que
não deve e não vai longe...
Ela não acreditou muito naquela história e continuou a dançar
desta vez ao som das palavras que esta manhã lhe disse ao ouvido...
que ela era a menina mais bonita do bairro!
- Não escrevas mais nos sonhos! Já te pedi tantas vezes!
A calçada das pedras gigantes era, afinal, composta pelas pedras
mais pequenas que o mundo dela não conseguia fazer explicar aos
sapatos...
- Estou a dançar bem?
Continuo ainda sem perceber porque é que o urso nunca lhe
respondeu naquela altura. Mesmo assim, ela nunca deixou de agradecer
porque naquela idade somos nós que já não percebemos a linguagem
da imaginação. Mesmo quando os sapatos são teimosos...
EM - A PAIXÃO - ESCRITOS E DEMÊNCIAS - JOÃO DORDIO - IN-FINITA
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