Ao longo de quase nove
anos, a divulgar livros e autores, passou-me pelas mãos muita coisa, desde o
bom, até ao ruim, passando pelo assim-assim.
Dei o mesmo destaque a
todos, sem excepção, porque os gostos diferem e a minha função não é filtrar de
acordo com a minha percepção ou gosto pessoal. Sempre disse que essa tarefa é
uma responsabilidade que deve ser outorgada ao público; dele exige-se que saiba
separar o trigo do joio.
No entanto, como
noutros momentos passados, não posso ficar indiferente quando, por questões de
trabalho, tenho o privilégio de ser confrontado com uma autêntica pérola
literária.
Em consciência, e
porque sei o quão injusto pode ser o público leitor (a cada um as suas razões),
jamais poderia calar a minha estranheza e indignação por ver um livro ser,
quase completamente, ignorado apesar do mérito e qualidade que encerra.
Estranho e indigno-me
por saber que existem muitos outros livros que, não acrescentando nada ao
enriquecimento de quem os lê, vendem como castanhas no Outono. Estranho e
indigno-me por saber que quem escreve esses livros não o faz como contributo
cultural. Estranho e indigno-me porque, infelizmente e cada vez mais, a
mediocridade está a ter mais impacto do que a genialidade. Mas, acima de tudo, estranho
e indigno-me porque quem escreveu este livro/pérola literária, apesar de nova,
não é novata nesta coisas e já deu provas mais que suficientes da sua tremenda
capacidade criativa e da inovação literária dos seus escritos, e merecia outra
atenção por parte de quem gosta de literatura séria.
Mas deixemos de lado a
minha estranheza e indignação e foquemo-nos no objeto principal deste meu texto:
o livro MANUAL DOS OFÍCIOS – Um conto longo sobre a anuência do mal, de Sara
Timóteo.
Como referi, sinto-me privilegiado
por, na sequência de um trabalho de coordenação, ter sido o primeiro a
contactar com esta obra-prima da literatura lusófona.
Quando convidei a Sara
Timóteo para fazer parte da colecção de contos Istorias, fi-lo por saber que
era uma aposta segura e consentânea com aquilo que me propus atingir com este
projecto. Conheço a escrita da autora em diversos registos mas, a bem da
verdade e tal como mencionei no dia do lançamento da obra, confesso que não
estava à espera que me entregasse algo tão excepcional. Uma coisa é escrever
com a qualidade que lhe assiste, outra bem diferente é apresentar um livro
inovador e com grande dose de risco. No entanto, passada a surpresa inicial e
fazendo uso do conhecimento que tenho da autora, da forma como pensa a escrita
e do modo como trabalha as palavras, sei que foi um risco calculado e um
atrevimento ponderado, com a dose certa de irreverência, mas também com forte
sentido de responsabilidade e consciência de autor. Tudo isto, ingredientes
essenciais na produção de verdadeira literatura.
Posto o que
anteriormente escrevi e para terminar, estranharei e indignar-me-ei se este
MANUAL DOS OFÍCIOS – Um conto longo sobre a anuência do mal, continuar a fugir
ao olhar do público leitor exigente e conhecedor do que é literatura séria.
Leitores conscientes e interessados podem adquirir o livro através deste link
MANU DIXIT
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