Agradecemos à autora BEATRIZ AMARAL a disponibilidade em responder ao nosso questionário
1 - Como se
define enquanto autora e pessoa?
Enquanto pessoa, sou alguém que vive a
palavra, o verbo e sua música, alguém que preza e venera a liberdade de
pensamento, de convicção, e também a liberdade de criar, de compor, de abrir e trilhar
caminhos, expandindo fronteiras e alcançando espaços do infinito. Como autora,
sempre fui e sou fascinada pela palavra, encantada pelos sons das sílabas,
pelos grafemas, pela fisicalidade da palavra e pelo aspecto lúdico de dar a ela
rotas inauditas, provocando o estranhamento e abrindo surpresas nas frases, no
ritmo, no modo melódico de dizer. A palavra expande a existência. Comunica,
voa, alarga o pensamento, é reveladora, condutora, transcende sua origem,
navega e alcança muitas águas. A palavra é um oceano.
2 - O que escreve é inspiração ou
transpiração?
Quando escrevemos desde a infância,
a prática da escritura se torna parte do cotidiano, a poesia torna-se hábito e
o olhar poético brota espontaneamente. Depois da espontaneidade, vem o trabalho
racional, de minimizar, reduzir frases e parágrafos, limar os períodos,
suprimir todo o excesso, erigir a luz intensa da polissemia, que, para mim,
alimenta e realimenta o projeto estético. Como todo autor, sou minha primeira
leitora, a primeira leitora de minha escritura e leitora crítica, trabalhando
com olhos, ouvidos, réguas e balizas, construindo e reconstruindo universos.
Portanto, inspiração e transpiração se combinam no processo da escrita.
3 - O que pretende transmitir com a
sua escrita?
Pretendo, em primeiro lugar,
expressar minha própria fascinação pelos grafemas, pelas letras, pelas sílabas
e pela palavra. Também pretendo estimular a todos que experimentem a liberdade
da criação, e descubram suas próprias singularidades. Por último, pretendo
incentivar a descoberta das verdades individuais e o respeito pleno à liberdade
de pensamento. Quero sempre transmitir o apoio à liberdade, à expansão de
fronteiras, especialmente no plano da arte.
4 - Por que escreve poesia?
Justamente em razão do que acabo de
comentar na resposta anterior. Escrevo poesia por ser o modo mais intenso de se
arejar o verbo, irrigar a linguagem, exercitar a liberdade estética, passear
pelo vento, viajar pela existência das infinitas inexistências que compõem o
panorama de nosso cotidiano. O primeiro poema se fez aos 12 anos e, desde
então, com a formação de uma voz e o aprimoramento da dicção, os poemas se multiplicaram
e a linguagem poética se estendeu para outros gêneros, como a narrativa breve,
o conto, a crônica. Escrevo poesia como modo de existir em minha própria
individualidade, como modo de expressar quem sou, como forma de recriar o
mundo, descobrir-me nele e compreender os desdobramentos do universo.
5 - O que costuma fazer para
promover a sua escrita?
Geralmente, além da divulgação de
meus livros, em lançamentos, tardes e noites de autógrafos, sessões de leitura
e palestras, costumo divulgar nas redes sociais alguns textos poéticos,
fragmentos de narrativas breves e as resenhas, análises críticos e comentários
críticos publicados nos jornais ou revistas, literárias ou não. Gostaria de me
organizar para divulgar mais sistematicamente minha escrita, mas o tempo sempre
acaba sendo escasso.
6 - Que impacto têm as redes sociais no
seu percurso?
Quando comecei a utilizar as redes
sociais – em 2008 – eu já havia publicado 9 (nove) livros – portanto, meu
percurso está muito mais ligado ao universo das edições impressas. Entretanto,
a partir do momento em que passei a utilizar as redes, costumo publicar textos
poéticos nas redes, sem excessos, mas com certa frequência, bem como divulgar
os lançamentos de meus livros, as palestras que faço e os eventos literários e
culturais de que participo.
7 - O que acredita ser essencial na
divulgação de um autor?
Acredito que o essencial é saber
extrair uma marca, uma singularidade de cada autor, mesmo que esta
singularidade signifique, às vezes, a versatilidade ou amplitude de práticas de
escrita, e expor aos interessados e ao público em geral estas marcas que
diferenciam e propiciam a identificação imediata de cada autor por meio da
leitura de seus textos.
8 - O que ambiciona como autora?
Como todos, tenho o desejo de ter
meus livros e artigos lidos, conhecidos, e que possam fazer diferença na vida
de alguém, quer do ponto de vista lúdico, quer do ponto de vista de estimular a
liberdade de criação de cada um.
9 - Livro físico ou e-book? Por quê?
Prefiro livro físico, que permite
um contato físico, por vezes visceral, regado à ternura, em se tratando de
literatura, de poesia, de ficção, contos, romances. Mas em se tratando de livro
técnico, o e-book auxilia bastante. E, em determinadas situações e contextos,
sua presença é importantíssima.
10 - Qual a pergunta que gostaria que
lhe fizessem? E como responderia?
São duas as perguntas. A primeira
pergunta é: Poderia citar alguns autores portugueses contemporâneos de sua
preferência? Resposta: Ernesto Manuel de Melo e Castro – E.M. de Melo e Castro,
Herberto Helder, Teolinda Gersão, André Domingues, Gonçalo Aguilar, Luís
Serguilha.
A segunda pergunta é: Qual o seu próximo
projeto? Resposta: Concluir dois livros de narrativa já iniciados e iniciar
outros dois que se encontram em fase embrionária, um de memórias, outro de
poesia. Criar um blog, mas com a intenção de alimentá-lo com frequência.
Acompanhem, curtam e divulguem esta e outros autores através deste link
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