Este é o prefácio que JOÃO DORDIO escreveu para o livro Vivências de MARGARIDA CIMBOLINI
Se, por um lado, é uma enorme honra e um
grande privilégio ter sido convidado como coordenador desta coleção de Poesia,
por outro lado, não deixa de ser um orgulho poder contar com Margarida
Cimbolini para este autêntico tiro de partida. Estamos, de facto, a começar uma
corrida que se presume ser complicada, mas também muito aliciante e motivante.
Tenho a perfeita consciência de que não
poderia ter encontrado melhor poetisa para iniciar este projeto que espero ir
de encontro a todas as expectativas. E ter sido escolhido pela Margarida também
para fazer o prefácio confesso que mais surpreendido fiquei. Porém, era uma
missão impossível de rejeitar. Apesar de apenas conhecer a Margarida e o seu já
extenso trabalho há pouco mais de dois anos, desde que comecei a frequentar com
mais regularidade o bar Inda a Noite É
uma Criança e as tertúlias das quintas-feiras à noite, desde o primeiro
momento percebi que estava perante alguém com uma qualidade notável e com um cunho
muito pessoal.
Dividido em 4 capítulos (o último dá
nome à obra, “Vivências”), encontramos vários temas como o amor, a paixão, o
romantismo, a fantasia, e que são transversais à sua poesia e a toda esta obra
de grande inspiração e ternura. E que são tratados de maneira sublime!
“No
principio era o verbo
e
as casas dos botões estreitas e misteriosas
floridas
em veias de espuma...
...
tornam-se largas e bambas
Era
a paixão nunca obscena
do
amor experimentado”
Da forma particular e pessoal com que
coloca (ou não) a pontuação, ao estilo vanguardista e até visionário da sua
escrita, Margarida Cimbolini consegue surpreender-nos a cada linha dos seus
versos!
“com
o beijo molhado das algas
condenso
em mim a tua teatral fantasia
pois
tu e eu somos só um”
Certamente que esta coleção e este livro
em particular irá permitir contrariar e colmatar, de alguma forma, a lacuna de
existirem tantos e tão bons poetas praticamente desconhecidos por este país. A
Margarida é um bom exemplo disso, apesar de não ser uma perfeita desconhecida, longe
disso. Porém, considero que não está ainda no seu devido lugar. Após a leitura
deste livro, perceberão porque afirmo isso, de forma categórica e sei que irão
dar-me razão. Porque são poucos os que conseguem aconchegar as letras da forma
que ela o faz, numa mistura de mestria com originalidade.
“Gosto
de ti
e
esses beijos... deixa que voem…
entre
nós criam raízes...
são
fecundos... vidas… flores… perfumes… risos...
que
tombaram num repente…
E
nós simples gentes não soubemos prender”
Parabéns, Margarida Cimbolini!
João Dordio
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