1 - Como se
define enquanto autora e pessoa?
Diria que
sou uma pessoa esperançosa, que crê no melhor das pessoas, ainda que, por
vezes, meu olhar seja contagiado pelo cinza da paisagem que me cerca. Enquanto
autora, não há como negar que o meu “eu pessoa” e o meu “eu autora” se
convergem. Porém, considero minha escrita uma tela na qual pinto não somente o
que veem meus olhos, mas, e talvez muito, o que meus olhos veem nos olhos dos
outros, isto é, minha escrita traduz um pouco do aqui (eu) e do acolá (outras
pessoas, outros lugares).
2 - O que a
inspira?
Minha
escrita é um retrato do que meus olhos veem, meus ouvidos ouvem, meu coração
sente. Assim, posso dizer que o que me cerca me inspira, sejam as dores ou as
alegrias, mas, de modo especial, as coisas mais simples do cotidiano.
3 - Existem
tabus na sua escrita? Porquê?
Essa é
pergunta difícil de ser respondida, uma vez que o que pode ser tabu para mim
pode não o ser para outrem. Mas, de modo geral, posso dizer que minha poesia
não tem tabus, a não ser pelo fato de expressar-me, enquanto mulher, a partir
de um lugar de dizer numa sociedade extremamente machista. Ainda assim,
reconheço que minha “pena” é muito leve...
4 - Que
importância dá às antologias e colectâneas?
A meu ver,
especialmente por estar distante dos grandes centros, onde se concentram as
atividades literárias e culturais, grandes editoras etc., as antologias e
coletâneas são importantes por possibilitarem que minha escrita dialogue com
outras escritas e que minha poesia alcance outros olhares.
5 - Que
impacto têm as redes sociais no seu percurso?
Elas são
fundamentais, de fato! Antes, meus textos eram “engavetados”, como acredito que
tenha ocorrido com muitas escritoras e escritores. Até um dia em que eu publiquei
um poema numa rede social. Uma ex-professora, na época, e também escritora,
leu, gostou e me convidou para integrar um grupo de escritoras baianas, à época
recém-criado, a Confraria Poética Feminina. Daí em diante, não mais engavetei
meus poemas. Além de estimular ainda mais minha escrita, afinal, seria
hipocrisia dizer que escrevemos pra nós mesmos, as redes sociais permitiram-me
compartilhar minha poesia com os “de perto” e os “de longe”, que nem sabiam que
eu escrevia, incluindo minha família.
6 - Quais
os pontos positivos e negativos do universo da escrita?
Essa
pergunta é bastante abrangente e, por isso, a resposta pode tomar muitos
rumos...
De modo
geral, posso afirmar que há muitos pontos positivos, tais como o fato de, pela
escrita, expurgarmos um tanto nossas dores, termos por ferramenta a palavra,
como forma de alcançar o coração e a consciência das pessoas etc. Os pontos
negativos poderiam ser de ordem diversa também, mas apontaria, nesse momento,
especialmente a dificuldade que há, ainda em nosso país, de acesso ao universo
literário às mulheres escritoras. Essa dificuldade tende a ser maior ainda se
considerarmos o fato de que, além de ser mulher, sou nordestina, residindo
distante dos grandes centros. Mais recentemente é que têm surgido projetos que
buscam dar visibilidade às mulheres escritoras, que sempre escreveram – diga-se
de passagem –, mas não tinham seus trabalhos divulgados na mesma proporção que
a dos homens. E esse é um percurso ainda longo!
7 - O que
acredita ser essencial na divulgação de um autor?
Sinceramente?
Nunca parei pra pensar nisso. Acredito que mais importante que a divulgação de
um autor seja a divulgação da literatura, da sua literatura, de modo a provocar
nas pessoas o exercício da leitura como uma necessidade vital do ser humano!
8 - Quais
os projectos para o futuro?
Nossa! Que
pergunta complexa! Tenho tantos sonhos! O fato de estar envolvida no grupo
Confraria Poética Feminina me faz estar envolvida em muitos projetos. Porém,
sem dúvida, o mais significativo deles é o fato de estar preparando a
publicação do meu primeiro livro solo de poesias – Poemeadura – pela editora Mondrongo. O filho está sendo gestado a
bastante tempo, mas, agora, posso vê-lo já em trabalho de parto! Além disso,
quero continuar escrevendo, escrevendo, aventurando-me por outras “terras”,
inclusive!
9 - Sugira
um autor e um livro!
Eis um
pedido bastante difícil! São tantos que nos constroem enquanto escritores,
enquanto pessoas... Mas, sem mais delongas, vou citar Clarice Lispector e seu
livro Felicidade Clandestina!
10 - Qual a
pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
Sinceramente?
Qualquer pergunta seria bem-vinda!
Acompanhem, curtam e divulguem esta e outros autores através deste link
Essa moça é de uma sensibilidade e sutileza nas respostas admirável. Quanta sensatez e maturidade em suas reflexões Ilza Carla. Parabéns! Me inspirou devanear nos meus pensamentos.
ResponderEliminarPor um arranjo do universo, só hj cheguei ao seu carinhoso e generoso comentário, Unknown (queria saber quem seria...rsrs).
EliminarEspecialmente nesses dias, um abraço na alma!
Gratidão!
Ilza
Rsrsrsrsrs... Por um arranjo do destino, eu sou aquele que te conhece bem, que compartilha do mesmo sangue, das mesmas histórias de vida. Eu sou aquele que há tem como referência. Eu sou o filho da tua mãe e o irmão dos teus irmãos. Rsrsrsrsrs...
Eliminar