Miguel Curado
pegou um atalho. Saiu do caminho seguro e confortável dos seus textos
narrativos e descritivos e embrenhou-se na noite da poesia. Ora com céu
estrelado e iluminado pela lua, ora, em breu total, silencioso e desértico.
Seguiu o fluxo do tempo, na fluidez poética, na metáfora, na essência da
palavra. Encontrou a claridade. Sentiu. Criou. Buscou evidências cotidianas,
lapidou com lirismo e quis mais. Imergiu nas profundezas do seu lado de dentro,
deparou-se com a escuridão, com a inquietação, com a contradição do não ser.
Queria reencontrar a luz, mas precisou ir mais fundo. No abismo de si mesmo,
viu um lado desconhecido, a loucura. Desnudou-se. Absorveu tudo o que podia,
debateu-se, esgotou-se, ousou. Voltou a percorrer caminhos, em passos incertos
tateando o escuro, mas sempre, inspirado. Fluiu nos espaços da noite e por seus
mistérios, caminhou no tempo em que se é tudo, pois a vida parou por instantes
para ser percebida, longe da agitação cotidiana, com o olhar da emoção. A noite,
com seus desesperos, magias, mistérios, solidões, sedução, é a companheira que
enlouquece e afaga. E após sorver vivências
e descaminhos para chegar a criação, aflorou os sentidos e seguiu…
ABRIR OS OLHOS
ATÉ AO BRANCO é passear por esses atalhos misteriosos percorridos pelo autor. É
pisar no desconhecido e encontrar semelhanças: Em cenas cotidianas, simples,
reais. É perder-se na noite, rebelar-se, inconformar-se e sentir-se abrigado
pelas mesmas percepções. É descobrir que a loucura é sã e que necessitamos dela
para criar, perceber, viver. É identificar-se e espantar-se. Um livro de
poesias que causa estranhezas e calmarias em quem o lê. Incomoda e dá
satisfação. Acalenta e emociona. Desperta e conforta.
Com maestria
Miguel Curado, não olhou para trás ao abandonar o lugar-comum. Fez das palavras
um exercício continuado de sentimentos e observações, e teve coragem de as
expor em poesia. O primeiro livro é sempre um desafio. E assim como na vida, é
necessário criar, buscar conhecimento, ultrapassar barreiras e limites, provocar
reações, com perspicácia e ousadia. E é com imensa satisfação, que a IN-FINITA
deu as mãos ao autor e, por entre a noite, a escuridão e loucura, marcamos um
encontro com a arte da palavra.
O autor conta com a vossa presença
DRIKKA INQUIT
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