sexta-feira, 15 de junho de 2018

ADRIANA FALA DE... ABRIR OS OLHOS ATÉ AO BRANCO



Miguel Curado pegou um atalho. Saiu do caminho seguro e confortável dos seus textos narrativos e descritivos e embrenhou-se na noite da poesia. Ora com céu estrelado e iluminado pela lua, ora, em breu total, silencioso e desértico. Seguiu o fluxo do tempo, na fluidez poética, na metáfora, na essência da palavra. Encontrou a claridade. Sentiu. Criou. Buscou evidências cotidianas, lapidou com lirismo e quis mais. Imergiu nas profundezas do seu lado de dentro, deparou-se com a escuridão, com a inquietação, com a contradição do não ser. Queria reencontrar a luz, mas precisou ir mais fundo. No abismo de si mesmo, viu um lado desconhecido, a loucura. Desnudou-se. Absorveu tudo o que podia, debateu-se, esgotou-se, ousou. Voltou a percorrer caminhos, em passos incertos tateando o escuro, mas sempre, inspirado. Fluiu nos espaços da noite e por seus mistérios, caminhou no tempo em que se é tudo, pois a vida parou por instantes para ser percebida, longe da agitação cotidiana, com o olhar da emoção. A noite, com seus desesperos, magias, mistérios, solidões, sedução, é a companheira que enlouquece e afaga.  E após sorver vivências e descaminhos para chegar a criação, aflorou os sentidos e seguiu…

ABRIR OS OLHOS ATÉ AO BRANCO é passear por esses atalhos misteriosos percorridos pelo autor. É pisar no desconhecido e encontrar semelhanças: Em cenas cotidianas, simples, reais. É perder-se na noite, rebelar-se, inconformar-se e sentir-se abrigado pelas mesmas percepções. É descobrir que a loucura é sã e que necessitamos dela para criar, perceber, viver. É identificar-se e espantar-se. Um livro de poesias que causa estranhezas e calmarias em quem o lê. Incomoda e dá satisfação. Acalenta e emociona. Desperta e conforta.

Com maestria Miguel Curado, não olhou para trás ao abandonar o lugar-comum. Fez das palavras um exercício continuado de sentimentos e observações, e teve coragem de as expor em poesia. O primeiro livro é sempre um desafio. E assim como na vida, é necessário criar, buscar conhecimento, ultrapassar barreiras e limites, provocar reações, com perspicácia e ousadia. E é com imensa satisfação, que a IN-FINITA deu as mãos ao autor e, por entre a noite, a escuridão e loucura, marcamos um encontro com a arte da palavra.
O autor conta com a vossa presença
DRIKKA INQUIT

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