Confesso que estive
tentado a escrever este texto poucos minutos após o episódio que lhe dá origem.
Ainda escrevi umas linhas mas decidi apagar tudo, confirmar as minhas
suspeitas, e só agora, passado algum tempo (talvez o suficiente para quase ter
ficado esquecido da curta memória lusa), datilografar os meus pensamentos sobre
o assunto.
No passado dia 12 de
Maio o país viveu mergulhado numa onda de optimismo exacerbado que, com a maior
das lógicas e falta de bom senso, rapidamente se transformou no velho e típico
baixar de cabeça e autocomiseração, para depois dar lugar ao, não menos típico,
ressuscitar dos velhos do Restelo e seus bem conhecidos chavões sobre a sina e
o fado de ser-se português.
Mas vamos por partes...
Primeiro fez-se a festa
porque “Portugal está em alta” e “o que é nacional é bom” e “ninguém nos
segura” e “o que custa é a primeira” e blá blá blá com mais blá blá blá pelo
meio.
Depois os discursos
foram mudando e só se ouvia: “nada que não estivéssemos à espera” e “somos
demasiado pequenos” e “voltaram a colocar-nos no nosso lugar” e blá blá blá
seguido de mais blá blá blá.
Por fim vieram os
vozeirões roucos e sábios dos velhos do Restelo com “fizessem como os outros” e
“temos que acompanhar os tempos” e “não é em português que nos safamos” e
outros aborrecidos blá blá blá.
Alguém sabe do que
estou a escrever? Não?
E se eu disser que
tenho orgulho em ser português e que sempre defenderei a nossa língua, a nossa
cultura, a nossa forma de estar, independentemente do que o resto do mundo
pensa ou deixa de pensar? E se eu disser que, por mais que tentem, não há
nenhum outro idioma que consiga, minimamente, rivalizar com a riqueza da língua
portuguesa? E se eu disser que no final desse dia 12 de Maio, o que sobra é a
convicção que a mensagem em português passou e o resto é apenas negociatas de
bastidores? E se eu disser que no final desse dia apenas me restou a certeza
que, ao contrário do que sempre julgara, os meus conhecimentos de geografia são
fraquíssimos e a europa tem mais dois países do que me ensinaram na escola?
E... se eu dissesse tantas outras coisas...
Mas não preciso dizer
isto para demonstrar o meu repúdio pela forma disparatada como os meus
conterrâneos se limitam a arranjar desculpas para justificar a imparcialidade
que não têm e darem ares de gente sofisticada e conhecedora quando, em boa
verdade, só agem dessa forma para darem nas vistas sem se aperceberem de quão
ridículo é fazer-se parte de um rebanho.
Que mais posso eu dizer
sobre aqueles que são portugueses, até à medula, quando há sucessos estrondosos
e se descartam quando ficamos no fundo da tabela?
Neste contexto e para
que finalmente saibam de que estou a falar, termino dizendo que estou orgulhoso
da Cláudia e da Isaura na mesma proporção que tive do Salvador.
MANU DIXIT
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