domingo, 27 de maio de 2018

AS CRÓNICAS DA AVÓZITA... FATIOTAS E TOILETES



Comprei um vestido de seda… de chifom… de brocado… já nem sei; sapatos de fino salto, cores garridas misturadas mas… tudo a condizer.

Mandei subir a bainha, saia curta, perna ao léu, também mandei descer o decote, ficaria mais atrevidote, assim, daria nas vistas e todos se lembrariam do meu nome.

Os cabelos, dos cabelos nem vos falo, cada um de sua cor, madeixas, sobre madeixas, colorido até demais, um Picasso na perfeição.

O meu estilo é mesmo este, não sigo o que o espelho diz, nem lhe ligo, eu até sei que vão gostar. Nem me importa o que pareço, ou o que pensam de mim, eu sei aquilo que sou.

E afinal para onde vou com todo este aprumo? Apenas beber um café mas sei que lá vou encontrar a amiga da vizinha que logo lhe vai contar como estou provocadora, e ela, vai morrer de inveja por não ter corpo, ou será, por não ter coragem, de se vestir como eu. Sim, vendo bem, ela até tem um corpo mais perfeito que o meu.

Ah! Mas todos no café olharão para mim, ruidinhos, pois em casa, as mulheres, passam o dia a limpar, a tratar dos miúdos, a cozinhar, a passar a ferro, e, nem tempo têm para com o espelho falar.

Eu, eu visto-me a rigor, vá para onde for.

Mas, eu, não sou esta, esta, são muitas outras “eus”.

MARIA ANTONIETA OLIVEIRA

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