Comprei um vestido de seda… de chifom…
de brocado… já nem sei; sapatos de fino salto, cores garridas misturadas mas…
tudo a condizer.
Mandei subir a bainha, saia curta, perna
ao léu, também mandei descer o decote, ficaria mais atrevidote, assim, daria
nas vistas e todos se lembrariam do meu nome.
Os cabelos, dos cabelos nem vos falo,
cada um de sua cor, madeixas, sobre madeixas, colorido até demais, um Picasso
na perfeição.
O meu estilo é mesmo este, não sigo o
que o espelho diz, nem lhe ligo, eu até sei que vão gostar. Nem me importa o
que pareço, ou o que pensam de mim, eu sei aquilo que sou.
E afinal para onde vou com todo este
aprumo? Apenas beber um café mas sei que lá vou encontrar a amiga da vizinha
que logo lhe vai contar como estou provocadora, e ela, vai morrer de inveja por
não ter corpo, ou será, por não ter coragem, de se vestir como eu. Sim, vendo
bem, ela até tem um corpo mais perfeito que o meu.
Ah! Mas todos no café olharão para mim,
ruidinhos, pois em casa, as mulheres, passam o dia a limpar, a tratar dos
miúdos, a cozinhar, a passar a ferro, e, nem tempo têm para com o espelho
falar.
Eu, eu visto-me a rigor, vá para onde
for.
Mas, eu, não sou esta, esta, são muitas
outras “eus”.
MARIA ANTONIETA OLIVEIRA
Sem comentários:
Enviar um comentário
Toca a falar disso