Pensando nos/nas jovens e nas crianças que esperam
encontrar um mundo de adultos capazes de lhes guiar na estrada da sabedoria e
da felicidade, mas terminam mal orientados e se transformando nos mesmos seres
impotentes em relação ao saber lidar com a vida, com os próprios sentimentos e
com o sentimento das outras pessoas, foi que eu escrevi este texto, na
esperança dele ajudar alguém a melhorar-se como ser vivo e social que busca
ter, durante a vida, orgulho de ser quem é e satisfação por não ter feito mal a
si mesmo/a nem a ninguém no decorrer dos anos.
Boa Leitura.
Eu percebo, depois de muito observar o que costuma
acontecer nas relações de cada um consigo mesmo e de cada um com os outros, que
a maioria das pessoas é imatura emocionalmente.
Não se aprende a tratar os outros, nem a nos mesmos/as
sabemos tratar.
Depois de anos notamos de quanta coisa deveríamos ter
cuidado para evitar perdas graves e irreparáveis que se perdeu para sempre.
Se cuida muito de obrigações ligadas a se manter vivo e
se esquece de outras que faz com que a pessoa se mantenha bem.
Até os mal-tratos e os descasos que temos com outras
pessoas, no futuro nos farão mal, pois elas podem até morrer, em parte, por
conta daquele mal-trato.
Somos seres muito sensíveis e qualquer coisinha pode nos
ferir de uma ferida que não sara fácil, mas a educação para o egoismo, desde
crianças faz a gente não prestar atenção a detalhes, que são, na hora H, super importantes.
Aí o melhor é, já sabendo disso, se cuidar e cuidar o
melhor possível dos outros, mas saber que em geral os outros não vão saber
cuidar bem de nós não. Simplesmente porque a educação que a burguesia implantou
na civilização ocidental é voltada para resumos e não para detalhes: se quer
resumir ao máximo para que a pessoa corra logo para garantir o
"futuro".
Mas o futuro é visto só como um emprego que permita ter
um teto, uma feira mensal, roupas, calçados, medicamentos, médicos e basta, o
resto é considerado resto: é considerado supérfluo.
De repente aquilo emerge e se mostra fundamental para a
felicidade.
Aí quando se pensa no amor a coisa é jogada para o plano
das idiosincrasias, ou seja, cada um que invente (seguindo seus impulsos,
segundo seus recalques) o modo como vai reagir com o/a outro/a. Mas o outro/a
pode estar vulnerável, naquela hora, pode estar confiante que está nas mãos e
alguém super sensível e capaz de perceber a delicadeza de uma alma.
E aquela confiança se torna problemática, pois quem é
criado para reagir com impulsos só pode fazer, de repente, coisas estabanadas.
E vai depois continuar fazendo coisas estabanadas pelo resto da vida, se não se
der conta do estrago que faz, sendo daquele jeito.
A educação burguesa não quer saber não: a pessoa se
justifica dizendo que é daquele jeito e que não muda, pois ninguém é capaz de
mudar o jeito que tem.
Então a vai ficando cada vez mais complicada e se instala
mil impossibilidades, num cenário que deveria ser de mil possibilidades.
Poder-se-ia criar um antídoto para esse grave problema
que ataca, praticamente, todas as populações civilizadas?
Só uma mudança radical na educação doméstica e escolar
poderia conseguir tal façanha, mas tal mudança terminaria sendo o reflexo de
uma mudança de sistema de vida em geral: terminaria sendo o reflexo de um outro
modo de vida que não fosse o modo burguês de viver, um modo voltado para
saborear os detalhes ao invés de ser, como tem sido e ainda é, o modo de vida
de quem vive para açambarcar o máximo de coisas de fora para juntar como um
tesouro.
Terminou que todo mundo só quer ter e ter mais, como se a
sensação de posse completasse a razão mesma de ser da pessoa, mas esse eterno
juntar, esse eterno amontoar de coisas só reflete a tentativa (em vão) de se tapar
o buraco que fica por não se estar se trabalhando interiormente no dia-a-dia.
Mas se trabalhar interiormente deveria ser o costume de
todos, desde a infância.
Porém, nossa cultura burguesa é voltada para se expandir
e não tanto para se internalizar e sem um trabalho interno constante, como é
que vamos nos melhorar? Como poderemos chegar a nos transformar em pessoas
sábias? A burguesia não se interessa nos sábios, pois para ela o que importa é
ter e não ser.
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