A autora Patrícia Porto apareceu como aquelas boas
surpresas quando se faz um trabalho com carinho e dedicação. Convidando uma
amiga para apresentar o seu recém lançado livro, na região serrana no estado do
Rio de Janeiro, há mais de dois anos, tive o prazer de conhecer a Patrícia que,
de imediato, subiu a serra, com o seu Diário de Viagens para Espantalhos e
Andarilhos, para fazer uma dobradinha com a autora convidada. E foi nesse
entardecer mágico e num bate-papo envolvente que a autora me encantou como leitora
e divulgadora e... fixou permanência na minha vida, agora também como aquelas
amigas que quase não se vêem, mas o carinho e admiração são alimentados pelas
redes sociais, devido à impossibilidade geográfica para aquele abraço e um ou
dois cafés bem quentes. Acompanho a trajetória dessa poeta, escritora,
guerreira e linda mulher pelo trabalho que exerce, dentro e fora do circuito
literário, no qual tenho imensa admiração. Agradeço o carinho de sempre e a
confiança em meu trabalho ao aceitar que a In-Finita faça a sua assessoria
literária.
Abaixo um texto de Ricardo Gualda sobre a autora.
CABEÇA DE ANTÍGONA - RELEASE
Maranhense, nascida em São Luís, radicada em Niterói,
Patrícia Porto é formada em Literatura e mestre e doutora em Educação. Tanto
como pesquisadora, quanto poeta, Patrícia Porto trabalha a memória como matéria
prima de suas criações. CABEÇA DE ANTÍGONA (Ed. Reformatório, 2017) é o seu
trabalho mais depurado no mergulho na memória. É o ponto alto de uma triologia
poética.
Importante dizer que não se trata de memória
ressecada, emoldurada ou de ninar. É a memória que nos faz o que somos e que
pode surgir a cada decisão que tomamos, a cada ato do nosso dia a dia. Para
Patrícia Porto, a memória é o passado – é uma passagem.
Sobre Pétalas e Preces (201X), seu primeiro livro de
poesias, trazia memória como fundadora de ciclos e urdidora de ritos de
passagem. Parafraseando o termo “romance de formação”, podemos dizer que os
textos apresentados são “poesia de formação”, em que a poeta se apresenta em
sua maturidade artística.
Diário de Viagem (2014), o segundo título, é uma
experiência a que a autora se propôs. Num ano de perdas e lutas, Patrícia Porto
escreveu um diário poético em que não se permitiu correções e reescrituras, em
que não deixou que o trabalho estético pusesse sombra sobre o que a poesia é,
em seu grito inicial. No livro, a memória surge como horizonte. Em Diário de
Viagem, a memória não fica. Ao contrário, é o único lugar possível à frente.
E chegamos à CABEÇA DE ANTÍGONA. Nele, a memória não é
fundadora nem salvadora. A memória é carne. É corpo. É mulher. É aqui e agora.
É onde a memória encontra seu lugar no mundo – e onde pode enfrentá-lo. Não há
dúvida que o corpo feminino é um campo de disputas, de desejos, de interdições,
de promessas e de libertação. Mas quando esse corpo é também o corpo da
memória, todas essas características são transpassadas pelo tempo passado e
pelo hoje. O corpo é a casa da memória. E Cabeça de Antígona é a casa em que
essa memória se diz, se afirma, se impõe e encara o futuro, como se o anjo de
Klee, inspirador de Walter Benjamin, decidisse virar para frente e abrisse as
asas.
Ricardo Gualda
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