domingo, 8 de janeiro de 2017

EU FALO DE... ENSAIOS E SENTIRES POÉTICOS

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR CHIADO EDITORA
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Diz-me a experiência, de alguns anos de contacto com autores, que muitas vezes, para não dizer a maioria das vezes, o discurso não combina com o ofício. Essa discrepância ocorre quase sempre quando conhecemos o autor antes da obra. Por isso, só é possível esclarecer sobre a existência desse diferendo quando nos embrenhamos nos trabalhos e comparamos com as palavras que ouvimos da boca do(s) autor(es). Sendo perfeitamente normal que os discursos levem à criação de algumas expectativas, exige-se um certo distanciamento e capacidade de análise imparcial aquando das leituras.

Serve esta linha de raciocínio para falar-vos do livro ENSAIOS E SENTIRES POÉTICOS do poeta Celso Cordeiro.

Cruzei-me diversas vezes com este autor em tertúlias e, através das conversas, dei conta de estar na presença de alguém que tem bem definidas as suas percepções sobre a poesia e rege o seu ofício com directrizes coerentes e pensadas pela própria cabeça (ao contrário do que acontece com a generalidade dos autores).

Perante esta minha avaliação feita ao discurso, nasceu-me a curiosidade sobre a sua obra e, aproveitando a parceria com a Chiado Editora, pedi que me enviassem o seu último trabalho para o divulgar e analisar.

Desde o primeiro texto, tornou-se evidente para mim estar perante um livro que encaixa perfeitamente no perfil que havia criado. Cada poema encerra em si mesmo as ideias transmitidas e defendidas pelo autor, sobre a arte de criar poesia. A coerência, entre o discurso e os poemas, é indesmentível e isso, por si só, dá um cunho de originalidade e autenticidade à obra, no seu todo.

Entre outros aspectos, não menos importantes, existem dois que se destacam e merecem ser mencionados:

Em primeiro lugar, o domínio do autor na utilização mesclada de elementos antigos com outros modernos. Nomeadamente o uso de linguagem actual, simples e sem a busca frenética e desequilibrada pela rima, dentro de estruturas clássicas, com forte predominância das estrofes em detrimento das estâncias. Com a consciência, evidenciada, que o discurso escrito, vulgo poema, não obriga à utilização dogmática de sintaxe diferente da usada no discurso oral. Esta faceta menos técnica na hora de criar facilita, aquilo que me parece ser uma imagem de marca do autor, uma maior aproximação e identificação entre os leitores e o poeta.

Em segundo lugar e porque é uma qualidade pouco vista nos dias de hoje, devo referir a grande capacidade de síntese demonstrada pelo autor. O mesmo é dizer que me agrada sobremaneira um livro composto por poemas curtos mas decididamente esclarecedores, em contraponto aos "lençóis" escritos por grande parte dos autores.

Para terminar, resta-me deixar expresso o quanto me apraz ter encontrado alguém com consciência de autor mas que, ao invés da maioria, dá-lhe uso. Por tudo isso, recomendo vivamente a leitura de ENSAIOS E SENTIRES POÉTICOS de Celso Cordeiro.

MANU DIXIT

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