No passado Domingo, dia 4 de Dezembro, no Inspira
Santa Marta Hotel, em Lisboa, realizou-se a sessão de lançamento da antologia
SOLSTÍCIOS E EQUINÓCIOS.
Esta foi a minha terceira experiência como coordenador
de antologias mas a primeira em que tive completa autonomia, não só na
elaboração de todo o regulamento mas também no contacto directo com os autores
e na escolha dos poemas.
Tal como refiro no texto que escrevi para introdução
da obra, mesmo não sendo uma tarefa com elevado grau de dificuldade, ser
coordenador exige, para além de esforço e dedicação, um enorme equilíbrio entre
a defesa das regras estipuladas pelo regulamento e uma flexibilidade que
permita alcançar melhores resultados.
No entanto, para além do atrás referido, algumas
situações ocorridas durante a fase de recolha dos poemas e reacções
pré-lançamento fizeram-me sentir a necessidade de esclarecer, os menos atentos,
sobre as normas que me regem e a forma como geri a minha actuação enquanto
coordenador.
Em primeiro lugar, e para explanar os factos de modo
cronológico, só aceitei o convite, da Edições Vieira da Silva, na condição de
ter total autonomia na escolha dos autores participantes, não lhes fosse
exigida a obrigatoriedade de adquirir exemplares e que o produto final, vulgo
livro, não tivesse um valor comercial superior a 10€. Estas exigências foram
aceites pela editora. Tal como foi aceite o regulamento que elaborei
posteriormente.
Durante a fase de recolha e análise dos trabalhos
enviados, existiram algumas situações que me obrigaram a reunir com os
responsáveis da editora e esclarecer a minha posição de intransigência sobre as
mesmas. Nomeadamente o facto de ter recebido um e-mail de um autor que, para
além dos textos que colocava à minha consideração, teve a ousadia de, após
assinar o e-mail, colocar entre parêntesis (amigo pessoal de António Vieira da
Silva). Jamais, em tempo algum, eu me sujeitaria a colocar numa antologia
coordenada por mim poemas de alguém só por ser amigo pessoal do editor. A única
forma dos textos ser escolhidos para integrarem a obra é estarem munidos de
qualidade correspondente ao meu grau de exigência. Da mesma forma que, apesar
de ser amigo de muitos dos autores participantes, todos tiveram de demonstrar
os seus méritos e dar bom uso às suas capacidades para poderem integrar esta
obra.
E, aqui chegados, surge sempre a velha questão da
qualidade. Sempre defendi o quão ampla pode ser a definição de qualidade. Mas
para que não restem dúvidas, e assumo por completo a minha posição enquanto
coordenador, coloquei, acima das minhas preferências pessoais, os meus
conceitos de qualidade, sendo que a maior prova disso surgiu na hora de dar a
voz aos autores presentes. Uma das autoras, que viu os seus textos aprovados
por mim, ficou a saber que a sua escrita não se enquadra naquilo que é o meu
gosto pessoal mas isso não me impediu, nem nunca me impedirá, de reconhecer a
enorme qualidade dos textos que enviou. E porque acredito que um coordenador
deve agir desta forma, eles estão na antologia. Lá porque eu não gosto de
açorda não quer dizer que ninguém a faça de forma fantástica.
E porque escrevi recentemente sobre esta situação, fiz
questão de dizer a todos os presentes que o facto da Edições Vieira da Silva
ter-me convidado para ser o coordenador desta antologia jamais me impedirá, tal
como em situações anteriores com outros editores, de expressar a minha opinião,
de forma publica e olhos nos olhos, sempre que sentir necessidade de o fazer,
seja essa opinião positiva ou negativa.
Por ser um aspecto importante para mim, não poderia
deixar de mencionar a honra que senti pela poeta Graça Pires (autora com quase
20 livros editados e dezena e meia de prémios literários recebidos) ter aceite
o meu convite para integrar esta antologia, tendo em conta que sempre recusou a
sua participação em antologias e que abriu esta excepção por consideração ao
trabalho que tenho feito na divulgação de outros autores. Um grande bem-haja
pela belíssima demonstração de humildade e pela partilha de experiências, com
todos os presentes.
Para terminar, não posso deixar passar a oportunidade
de agradecer a todos os autores que aceitaram, sem reservas, contribuir com as
suas criações para que este projecto visse a luz do dia e seja hoje uma bela realidade.
Fico a aguardar as vossas opiniões críticas para que, na possibilidade de outro
projecto semelhante, eu possa fazer um trabalho melhor.
MANU DIXIT
Conhecemos, de sobra, a tua verticalidade e isenção...embora não pudesse estar presente, honra-me a participação, merecer estar ao lado de grandes Poetas, não por pagar para isso, mas por escolha, por considerares merecimento...o meu muito obrigado. Abraço!!
ResponderEliminarEstiveste muito presente, tal como escrevi em resposta ao teu comentário no convite. A Helena Palma leu um dos teus poemas.
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