DUAS CURIOSIDADES
Quando, em 2008, aderi à Internet e criei os meus
primeiros blogues fiquei logo com a sensação que a interactividade se resumia
quase em exclusivo à lei da compensação, o mesmo é dizer: a maioria dos
comentários aos meus textos eram de pessoas cujos textos eu havia comentado. É
verdade que, com o tempo, fui criando alguns laços de amizade com outros
internautas e com esses nunca existiu represália alguma por estar uma temporada
sem os comentar. Mas geralmente a regra era: "Não me comentas, também
não te comento". Sei que essa é uma das principais razões que explicam a
pouca visibilidade que os meus blogues alcançaram, no entanto, sempre fui fiel
às minhas ideias e achei que só deveria comentar quando os textos merecessem.
Sei também que, pelo mesmo motivo, existem muitos blogues que são inundados de
comentários e têm uma visibilidade bem maior do que aquela que os textos aí
colocados realmente mereceriam; mas isso é uma questão de gosto e como diz o
velho adágio: "Gostos não se discutem".
Mais tarde, quando abri a minha página de Facebook e
apesar das diferenças que existem entre a blogosfera e as redes sociais,
verifiquei que, embora noutra escala, a dita lei da compensação continua a ser
seguida pela generalidade dos utilizadores. Da minha parte, continuei a ser
fiel aos meus conceitos e creio mesmo que neste momento sou muito mais crítico
em relação ao que leio. Tenho consciência que esta postura não me favorece aos
olhos dos outros mas, como dizia uma antiga colega de trabalho, "Não estou
aqui para brincar nem fazer amigos". Na verdade, por muito que custe a
algumas pessoas, a minha presença e actividade no Facebook resume-se a duas
funções: dar a conhecer a minha escrita e divulgar autores lusófonos e com isto
fazer a minha parte na defesa de uma língua e de uma cultura que são as minhas.
Os dois parágrafos anteriores servem para introduzir
aqui dois episódios recentes em distintas páginas que criei.
O primeiro aconteceu no meu blogue de divulgação de
autores da lusofonia. Este blogue, TOCA A ESCREVER, existe desde 1 de Janeiro
de 2010 e desde esse dia, com uma ou duas excepções, tenho divulgado um poema
diariamente. Desde a primeira hora e tendo em conta que uso uma aplicação para
partilhar o material dos blogues na minha página de Facebook, a média varia
entre as 50 a 100 visitas diárias. Uma vez por outra esse número aumenta porque
o(a) autor(a) em questão acaba por publicitar essa minha postagem e os amigos
vão lá dar uma espreitadela. O inusitado aconteceu recentemente quando, para
meu espanto, dei conta que o blogue tinha recebido, em menos de uma semana,
perto de sete mil visitas. É evidente que o meu primeiro pensamento foi que
alguém teria tentado piratear o blogue, até porque o IP era dos EUA, mas a
resposta para o enigma era outra e acabou por ser mais surpreendente que a
descoberta do número astronómico de visitas.
Ontem recebi uma mensagem na minha página de autor no
Facebook que passo a transcrever: «Bom dia Emanuel. No início do ano recebi a
visita de um famílar que veio de Portugal e me trouxe algumas lembranças. Uma
delas era o seu livro Impulsações. Em primeiro lugar quero dizer que aquilo que
mais me chamou a atenção foi a simplicidade da capa. Gosto de coisas simples,
como eu LOL. Quando acabei de ler o livro vi que tinha alguns sites onde
escreve e decidi visitá-los. Adorei aquele blog das poesias de autores
desconhecidos. Acho que já li todos. Obrigado pela possibilidade que me deu de ler coisas que
desconhecia. Entretanto coloquei um like na sua página para acompanhar os seus
poemas. Gostei muito do livro e espero que escreva mais».
Mais palavras para quê... afinal a minha pirata
informática é uma fã de lusofonia.
O segundo facto curioso está relacionado precisamente
com a minha página de autor no Facebook. Criei a página no dia 7 de Maio de
2014 e só agora estou a alcançar os 500 seguidores. No entanto, o mais curioso,
é que cerca de 90% nem são meus "amigos" de Facebook, ou seja, a
esmagadora maioria dos seguidores da minha página de autor são pessoas que leram
e gostaram do que escrevo e decidiram "seguir-me". Para completar a
curiosidade resta-me dizer que quando um desses seguidores partilha algum poema
meu logo aparecem mais seguidores. E assim a página vai crescendo devagar mas
com leitores assíduos que não querem saber para nada da tal lei da compensação.
Neste caso acho que eu vou colocando os meus poemas e eles compensam-me com a
leitura e partilha, depois eu compenso-os com mais poemas.
MANU DIXIT
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