quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Prosas de tédio e fastio 122 - Emanuel Lomelino

Prosas de tédio e fastio 

122

Volta e meia desincorporo-me e, afastando-me um pouco, fico a olhar-me na tentativa de perceber o que continua a mover-me.

Faço isto porque, há muito, deixei de encontrar respostas no meu interior, agora vazio e abandonado de estímulos.

Longe vão os tempos de grandes reflexões, maiores projectos, gigantescas demandas. Todo eu era um contentor de ambições, ideais e proactividade.

Hoje, pairando sobre mim, deixei de identificar aquele olhar decidido e resoluto – quase intrépido – que me fazia encarar todos os desafios da vida com a cabeça bem erguida, numa postura natural de confiança absoluta.

Os valores continuam presentes, as certezas permanecem seguras, as intenções estão imutáveis, as convicções bem enraizadas, contudo, o vigor vem-se esfumando, a energia esgota-se a cada expiração, a vontade esbate-se a cada passo, a importância das coisas tem diminuído a olhos vistos.

Vejo-me à distância e só reconheço a voragem de querer saber mais, de pensar com mais critério e melhorar valências. Mas já não vislumbro a sede de partilhar nem a urgência de me explicar – nem mesmo a mim próprio.

EMANUEL LOMELINO

A vida é um movimento (excerto) - Lícia Campos Valadares

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Apesar de ter sido uma criança bastante tímida, eu sempre amei um palco. Eu acho que minha mãe, de maneira inconsciente, me colocou em todos os palcos possíveis para curar a minha - quase doentia - timidez. Foi assim que aprendi a tocar piano, a dançar ballet e, ainda, tive acesso a aulas de teatro (atuei algumas vezes).

EM - MULHERES QUE CRUZARAM OCEANOS - COLETÂNEA - IN-FINITA

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Contos que nada contam 45 (A confissão) - Emanuel Lomelino

A confissão

Vivo no bosque da vida, desde o berço, protegido por plantas e animais que nunca me foram estranhos. Ao longo do tempo fui construindo peça a peça, tijolo a tijolo, a verdade do meu mundo. Ano após ano, mês após mês, semana após semana, dia após dia, aculturei a minha mente, fiz-me homem à minha imagem. O tempo passou na sua vertigem e o bosque transformou-se na minha casa cujos alicerces eu próprio construí. Entre certezas e receios deixei-me envolver, pouco a pouco, nas teias da falsa ilusão. Necessidade inconsciente?! Consciência doentia?! Os anos escorreram-me entre dedos e apesar da vontade e do querer, nunca me libertei totalmente das algemas que me impediam de conhecer o mundo para além desta casa-bosque onde me refugiei.

Hoje, passeando pelos jardins do pensamento, dou conta dos sussurros da razão que o tempo me escondeu nas folhagens da utopia. Oiço os chilreios fantasiados da promessa que nunca o foi e interrogo os passos que dei. Palmo a palmo caminho por novas alamedas, vagueio entre flores cujo nome desconheço e tomo consciência do tempo perdido mas não lamento o que me fugiu. Hoje, confrontado com outras realidades, questiono-me sobre o passado e choro as lágrimas que há muito deveria ter vertido. Sei que continuo preso a um momento que nunca existiu mas também sei da vontade hercúlea que existe em mim para recuperar a posse de mim mesmo. Hoje reconheço que adormeci algures na vida e todo o tempo que dormi foi tempo perdido. Mas acordei! Despertei para uma nova vida, para uma nova realidade. Confesso que não me sinto completamente desencarcerado mas aos poucos estou a conseguir desfazer os nós desta corda que me sufocou toda a vida. Cresci!

EMANUEL LOMELINO

Ondas de paz e contentamento (excerto 12) - Maria Helena J. Pereira

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Olhe à sua volta, deslumbre-se com a paisagem, note a acessibilidade, não corra riscos subindo ou descendo rochas de acesso difícil. Depois de uma vista panorâmica, escolha um rochedo que o atraia e que possa alcançar em segurança. Antes de se sentar nele observe-o em pormenor: a sua cor, forma, aspeto rugoso, com estrias, mais ou menos liso, pequenas plantas que saem das suas fissuras e outros que a sua visão focada lhe mostre.

EM - ONDAS DE PAZ E CONTENTAMENTO - MARIA HELENA J. PEREIRA - IN-FINITA

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Epístolas sem retorno 42 - Emanuel Lomelino

Erasmo de Rotterdam
Imagem retirada da internet

Caro Desidério,

Queixais-vos do quão ridículo era, nesse vosso tempo medieval, a chusma de “eruditos de pacotilha” que contratavam elogios e discursos abonatórios, embriagados que estavam com a reduzida e elitista fama prestada aos literatos.

Nessa altura, e porque não lhe eram conhecidos poderes de profetismo, jamais lhe poderia passar pela cabeça que, volvidos uns quantos séculos, os pseudoliteratos (maioritariamente autonomeados) aumentariam consideravelmente, sendo que o lado abjeto dessa proliferação encontra-se, precisamente, no apetite que a generalidade dos humanos sente pelo mediatismo, pela lisonja, pelo elogio, enfim, pelas luzes da ribalta.

Não me é difícil imaginá-lo a contorcer-se de sofrimento ao ver, in loco, as loucas atrocidades que se cometem, hoje, no universo das letras.

Contratar “parladores” é coisa de meninos de coro - agora contratam-se plateias, aplausos, bajulações, e tudo é feito de forma despreocupada porque, por mais notável que possa parecer, a notoriedade já não é contestada – apenas invejada.

Em resumo, aquilo que designou como sendo falta de ética moral transformou-se, através dos séculos, em completa ausência de valores. Tanto a ética, como a moral, são apenas vocábulos e, mesmo correndo o risco de estar a cair em erro de avaliação, creio que não deve estar longe o tempo em que ambas palavras cairão em desuso, tal qual já aconteceu com os seus significados.

Sem dotes intuitivos

Emanuel Lomelino

domingo, 28 de setembro de 2025

Crónicas de escárnio e Manu-dizer 42 - Emanuel Lomelino

22-11-2023

Apesar de já ter idade para ser considerado “velho do Restelo”, não tenho, por vocação, o hábito de fazer apologias do passado para contrapor ao presente. As coisas são como são, o mundo evolui e só temos de nos adaptar, o melhor que conseguirmos.

No entanto, por vezes, dou por mim a pensar na diferença que existe entre a vida quotidiana e o meu tempo de adolescente. Ainda não fui capaz de encontrar uma resposta definitiva que explique a razão de, hoje, com todos os avanços tecnológicos e a informação disponível num piscar de olhos, estarmos sempre sem tempo, enquanto, lá atrás, tínhamos uma vida agitada e ainda sobrava tempo.

Dizem-me que hoje tudo depende e acontece no expoente máximo da celeridade e isso é o motivo principal para o tempo ser gerido de forma diferente. Não sei como contestar esta visão porque, bem vistas as coisas, é possível nomear inúmeras situações que atestam essa realidade.

Antigamente remendavam-se as peças de roupa rombas. Fazia-se mais um furo no cinto. Compravam-se botões para substituir os que se perdiam. As calças velhas viravam calções. As toalhas e lençóis eram transformados em panos de limpeza.  Punha-se um calço na perna bamba da mesa. Hoje deita-se tudo fora e compra-se novo porque é mais fácil e rápido.

E esta nova forma de agir abrange também as interacções humanas. Ninguém tem tempo para encontrar soluções e resolver os problemas do dia-a-dia. Simplesmente vira-se a página porque tudo ficou sujeito a prazo de validade e nada, nem ninguém, consegue escapar à condição de descartável.

EMANUEL LOMELINO

O branco e a preta (excerto 18) - Pedro Sequeira de Carvalho

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

O tenente Costa perguntou sobre os panfletos, ele disse que nem sequer sabia dos seus conteúdos, porque foram rasgados. Foi-lhe dado um exemplar para ler e questionado se sabia quem havia escrito esses panfletos, ao que ele respondeu negativamente. Foi mesma a resposta dada pelos outros.

EM - A BRANCO E A PRETA - PEDRO SEQUEIRA DE CARVALHO - IN-FINITA

sábado, 27 de setembro de 2025

Prosas de tédio e fastio 121 - Emanuel Lomelino

Prosas de tédio e fastio 

121

Há dias, como hoje, em que os dedos não se cansam de transpor, para as páginas digitais, a efervescência incontrolável desta minha mente hiperativa (tivesse eu nascido em tempos mais recentes e estaria agora encharcado de Ritalina).

A verdade é que este transtorno que me domina é um ingrediente essencial nos desafios que me proponho e, sem os quais, teria muito mais dificuldade em aceitar viver num tempo (este) que não deveria ser o meu.

Mas é aqui e agora que existo – consciente do meu desenquadramento temporal – e, por isso, permito-me à extravagância de coexistir em dois tempos, sem benefício de um em detrimento de outro.

Neste plano de existência, deambulo entre a esquizofrenia pontual e o paradoxismo permanente, com a maior das naturalidades e sem complexos doentios ou desviantes porque me compreendo, aceito e cumpro.

E assim será até ao fim.

EMANUEL LOMELINO

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Prosas de tédio e fastio 120 - Emanuel Lomelino

Prosas de tédio e fastio 

120

No conforto almofadado da minha trincheira de estudo e criação, deixo-me bombardear pelas ogivas de palavras dos pensadores de outrora.

Agasalho-me nas frases mais eloquentes e solto a esquizofrenia que me assiste, em diálogos mudos com todos eles – um por vez – até que a comichão me nasça nos dedos para que a coce numa folha de papel ou no ecrã do computador, como quem expõe um trauma de guerra.

Na maioria das vezes tudo ganha forma através de um conceito elaborado ou de uma ideia esparsa, mas com a força vulcânica de uma conversa interessante. Contudo, em alguns momentos, basta uma simples palavra para que surja um texto, sem outro propósito além da utilização dessa mesma palavra.

Depois entra em acção este meu lado de cientista experimentalista – a esquizofrenia sempre presente – para explorar diferentes abordagens e observar a aplicabilidade do termo em contextos distintos, nos quais, por norma, não caberia. Como neste texto que, sendo apenas um dos muitos exercícios de escrita que me proponho, é uma cócega nascida de uma conversa com Freud sobre os traumas que as trincheiras deixaram em muitos dos que por lá passaram.

EMANUEL LOMELINO

Amar é deixar ir (excerto 2) - Lícia Campos Valadares

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Para esta primeira grande viagem solo, meus pais me deram apoio psicológico e financeiro, equivalentes a um navio seguro com um marinheiro experiente, o que tornou a travessia tranquila e sem sobressaltos. Sou muito grata a eles por me deixarem partir, mesmo sabendo que eu não mais voltaria para sua casa.

EM - MULHERES QUE CRUZARAM OCEANOS - COLETÂNEA - IN-FINITA

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Prosas de tédio e fastio 119 - Emanuel Lomelino

Prosas de tédio e fastio 

119

Na íngreme e inclemente escalada da vida, sempre repleta de obstáculos expectantes e retardadores, não existem degraus baixos nem patamares lisos onde seja permitido cauterizar as mazelas e recuperar o fôlego, sem que a urgência do tempo não se faça sentir. Todas as decisões estão prenhes de imediatismo e há pouco espaço para hesitar. E tudo pesa mais a cada grão que se move na ampulheta.

Neste esforço continuado, sem pausas nem sossego, pode-se ganhar resiliência e robustez, mas perde-se vigor e agilidade.

Sendo certo que o mais importante é a satisfação do caminho feito, também não deixa de ser verdadeiro que as únicas medalhas conquistadas são adquiridas na dor, no sangramento, nas lágrimas, nas contrariedades, e isso é tudo menos justo ou animador porque as memórias de uma caminhada não deveriam ser apenas de sofrimento, mercurocromo e pensos-rápidos.

EMANUEL LOMELINO

Ondas de paz e contentamento (excerto11) - Maria Helena J. Pereira

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Sinta-se inspirado, sinta-se fluir na vida, confiante que tudo acontece para um bem maior. Aprofunde esse estado a cada respiração. Sinta o ar fresco a entrar pelas narinas e o ar morno a sair pela boca, que deve permanecer entreaberta. Não faça qualquer esforço. Apenas seja, entregue-se ao generoso momento presente. Desfrute deste momento. Sinta-se em paz. Se a mente divagar traga-a, gentilmente, de novo ao foco.

EM - ONDAS DE PAZ E CONTENTAMENTO - MARIA HELENA J. PEREIRA - IN-FINITA

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Prosas de tédio e fastio 118 - Emanuel Lomelino

Prosas de tédio e fastio 

118

Ah, meus pobres olhos! Na ânsia de tatuar o meu nome nas pautas do mundo, deixei de vos alimentar com os melhores néctares literários e agora, que a cinza toma conta das vossas íris, temo não ser capaz de vos devolver o brilho.

Ah, meus infelizes neurónios! Na intenção de gravar em mim o máximo de saber, semeei demasiadas sementes estéreis e agora, que o tempo é a preciosidade mais rara, receio não ter habilidade para vos restituir a clarividência.

Ah, meus miseráveis ombros! Na ambição de prolongar ao máximo a minha irreverência juvenil, suportei o peso de múltiplas existências, tal qual Atlas, e agora, que os músculos atrofiam e as forças se esvaem, suspeito que a energia que me sobra é insuficiente para vos revigorar.

Ah, malditos genes que possuo! A sequência dos vossos comandos biológicos guiou-me nos trilhos de uma esperança vã e o tempo, que me pertencia, foi desbaratado na ignorância do seu valor. Agora, no ocaso dos dias, a sapiência dos ventos e das marés não serve para nada - é somente cultura geral.

EMANUEL LOMELINO

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Pensamentos literários 44 - Emanuel Lomelino

Pensamentos literários 

44

A loucura das horas furtivas – aquelas que envelhecem corpo e espírito – tem o condão de entorpecer as ideias impedindo a clarividência.

Quando não é combatida atempadamente, transforma-se numa vertiginosa sequência de delírios que tomam de assalto, de unhas e dentes, as vontades básicas, substituindo-as pelas mais insanas, como quem se omite das responsabilidades e transfere o poder de decisão ao subconsciente doentio.

Por isso, sempre que se encerra mais um dia, para não me deixar aprisionar nas teias desconfortáveis do aparvalhamento e aliviar a mente das toneladas de entulho acumulado, entro de cabeça num processo de elasticidade cerebral procurando, assim, reencontrar uma réstia de sanidade. Como? Entregando-me doidamente à leitura de uma obra clássica da literatura universal.

Abençoado terapeuta Celan!

EMANUEL LOMELINO

O branco e a preta (excerto 17) - Pedro Sequeira de Carvalho

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Fiquei a contar os dias, ansioso para saber qual seria a reação do Ponta Faca. Ela demonstrava ter plena certeza da reação dele acerca disso, mas desviava-se sempre que eu lhe perguntava qual seria, o que, no entanto, de certo modo, me tranquilizava, pela segurança que ela demonstrava ter.

EM - A BRANCO E A PRETA - PEDRO SEQUEIRA DE CARVALHO - IN-FINITA

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Prosas de tédio e fastio 117 - Emanuel Lomelino

Prosas de tédio e fastio 

117

Não foi um plano delineado de forma proposital, no entanto, o mundo que construi em meu redor, e que me serve quase na perfeição, faz de mim um eremita urbano.

Nunca desgostei das pessoas, bem pelo contrário, contudo, pouco a pouco, com o avançar da idade e o desaparecimento de alguns seres especiais, acentuou-se no meu âmago a vontade de usufruir deste isolamento egoísta e limitar a minha presença ao inevitável.

Substitui conversas com gente interessante por diálogos mentais com outros deslocados temporais, nos quais me revejo, mesmo não subscrevendo todos os pensamentos, conceitos e ideias que defenderam, pelo simples facto de ser apologista das discussões saudáveis com pessoas capazes de argumentar civilizadamente.

Esta esquizofrenia lomeliniana apraz-me e, enquanto tiver laivos de razoabilidade, não deixarei de a alimentar porque também me cumpro no silêncio conturbado dos meus pensamentos.

EMANUEL LOMELINO

domingo, 21 de setembro de 2025

Devaneios sarcásticos 30 - Emanuel Lomelino

Devaneios sarcásticos 

30

Há quem se queixe de, por mais que recomecem algo, o desfecho ser sempre igual.

Mas a questão é simples e sempre a mesma: presumir que os sinónimos representam, fielmente, a mesmíssima coisa, quando não é assim.

Mesmo parecendo terem significação igual, existe uma enorme diferença entre reiniciar e repetir.

Reiniciar é voltar ao início, mas isso não obriga, em momento algum, fazer-se tudo exactamente da mesma forma: isso, sim, seria repetir.

Ora, tendo presente essa pequena, mas essencial, nuance, não é difícil entender que cada regresso ao ponto de partida é uma possibilidade de mudança. Isso implica voltar à estaca zero, mas enveredar por outro caminho, outra via.

Só colocando em prática essa consciência é que o desfecho final poderá ter hipóteses de ser diferente.

Se reiniciar e repetir fossem exactamente o mesmo era impossível evoluir.

EMANUEL LOMELINO

Amar é deixar ir (excerto 1) - Lícia Campos Valadares

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Minha história se inicia com meu nascimento no ano de 1980 em Pompéu, uma pequena cidade no interior de Minas Gerais. Sou a primogênita dos cinco filhos de Walter e Lourdinha. Em família, nosso convívio sempre se deu com muito respeito e harmonia.

EM - MULHERES QUE CRUZARAM OCEANOS - COLETÂNEA - IN-FINITA

sábado, 20 de setembro de 2025

Devaneios sarcásticos 29 - Emanuel Lomelino

Devaneios sarcásticos 

29

Como tantas outras vezes, iniciei a jornada sem destino premeditado – de peito aberto, ao sabor da despreocupação e empurrado pela brisa de cada dia.

Mas, ao contrário de outras caminhadas, decidi arregaçar as mangas, desbastar os matagais mais densos, retirar, à força de músculos, os basálticos obstáculos, sem recuar nos inúmeros momentos em que alguns estilhaços, mais afiados do que cutelo de talhante, rasgavam a pele.

Hoje, avaliando as viagens, vejo que todas elas, independentemente do meu grau de resiliência e sacrifício, apenas me fizeram gastar as solas e voltar à estaca zero. Desta vez sem possibilidade de recauchutar os sapatos.

EMANUEL LOMELINO

Ondas de paz e contentamento (excerto 10) - Maria Helena J. Pereira

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Uma vez no local que escolheu, convido-o a permanecer uns momentos de pé, ou sentado, observando a natureza circundante. Deixe o seu olhar vaguear e parar aqui e ali para observar melhor a beleza que o rodeia. Pode ser uma árvore verdejante, uma flor, uma borboleta ou um pássaro multicoloridos. Observe os diferentes matizes da cor verde das folhas das árvores quando a luz do sol se infiltra pelos ramos.

EM - ONDAS DE PAZ E CONTENTAMENTO - MARIA HELENA J. PEREIRA - IN-FINITA