segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

FALA AÍ BRASIL... LÚCIO MUSTAFÁ (VII)

A DEFORMAÇÃO DO NOSSO SER
promovida pela educação burguesa. 

COMO ENTENDÊ-LA E COMO SUPERÁ-LA
Pensando nos/nas jovens e nas crianças que esperam encontrar um mundo de adultos capazes de lhes guiar na estrada da sabedoria e da felicidade, mas terminam mal orientados e se transformando nos mesmos seres impotentes em relação ao saber lidar com a vida, com os próprios sentimentos e com o sentimento das outras pessoas, foi que eu escrevi este texto, na esperança dele ajudar alguém a melhorar-se como ser vivo e social que busca ter, durante a vida, orgulho de ser quem é e satisfação por não ter feito mal a si mesmo/a nem a ninguém no decorrer dos anos.
Boa Leitura.
Eu percebo, depois de muito observar o que costuma acontecer nas relações de cada um consigo mesmo e de cada um com os outros, que a maioria das pessoas é imatura emocionalmente.
Não se aprende a tratar os outros, nem a nos mesmos/as sabemos tratar.
Depois de anos notamos de quanta coisa deveríamos ter cuidado para evitar perdas graves e irreparáveis que se perdeu para sempre.
Se cuida muito de obrigações ligadas a se manter vivo e se esquece de outras que faz com que a pessoa se mantenha bem.
Até os mal-tratos e os descasos que temos com outras pessoas, no futuro nos farão mal, pois elas podem até morrer, em parte, por conta daquele mal-trato.
Somos seres muito sensíveis e qualquer coisinha pode nos ferir de uma ferida que não sara fácil, mas a educação para o egoismo, desde crianças faz a gente não prestar atenção a detalhes, que são, na hora H, super importantes.
Aí o melhor é, já sabendo disso, se cuidar e cuidar o melhor possível dos outros, mas saber que em geral os outros não vão saber cuidar bem de nós não. Simplesmente porque a educação que a burguesia implantou na civilização ocidental é voltada para resumos e não para detalhes: se quer resumir ao máximo para que a pessoa corra logo para garantir o "futuro".
Mas o futuro é visto só como um emprego que permita ter um teto, uma feira mensal, roupas, calçados, medicamentos, médicos e basta, o resto é considerado resto: é considerado supérfluo.
De repente aquilo emerge e se mostra fundamental para a felicidade.
Aí quando se pensa no amor a coisa é jogada para o plano das idiosincrasias, ou seja, cada um que invente (seguindo seus impulsos, segundo seus recalques) o modo como vai reagir com o/a outro/a. Mas o outro/a pode estar vulnerável, naquela hora, pode estar confiante que está nas mãos e alguém super sensível e capaz de perceber a delicadeza de uma alma.
E aquela confiança se torna problemática, pois quem é criado para reagir com impulsos só pode fazer, de repente, coisas estabanadas. E vai depois continuar fazendo coisas estabanadas pelo resto da vida, se não se der conta do estrago que faz, sendo daquele jeito.
A educação burguesa não quer saber não: a pessoa se justifica dizendo que é daquele jeito e que não muda, pois ninguém é capaz de mudar o jeito que tem.
Então a vai ficando cada vez mais complicada e se instala mil impossibilidades, num cenário que deveria ser de mil possibilidades.
Poder-se-ia criar um antídoto para esse grave problema que ataca, praticamente, todas as populações civilizadas?
Só uma mudança radical na educação doméstica e escolar poderia conseguir tal façanha, mas tal mudança terminaria sendo o reflexo de uma mudança de sistema de vida em geral: terminaria sendo o reflexo de um outro modo de vida que não fosse o modo burguês de viver, um modo voltado para saborear os detalhes ao invés de ser, como tem sido e ainda é, o modo de vida de quem vive para açambarcar o máximo de coisas de fora para juntar como um tesouro.
Terminou que todo mundo só quer ter e ter mais, como se a sensação de posse completasse a razão mesma de ser da pessoa, mas esse eterno juntar, esse eterno amontoar de coisas só reflete a tentativa (em vão) de se tapar o buraco que fica por não se estar se trabalhando interiormente no dia-a-dia.
Mas se trabalhar interiormente deveria ser o costume de todos, desde a infância.
Porém, nossa cultura burguesa é voltada para se expandir e não tanto para se internalizar e sem um trabalho interno constante, como é que vamos nos melhorar? Como poderemos chegar a nos transformar em pessoas sábias? A burguesia não se interessa nos sábios, pois para ela o que importa é ter e não ser.



Sem comentários:

Enviar um comentário

Toca a falar disso